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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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Tal perspectiva <strong>de</strong>limita <strong>uma</strong> <strong>de</strong>scrição da organização circular dos seres<br />

vivos e o leva a afirmar que: “viver é conhecer” (p 35.) O autor argumenta que é na<br />

conservação da condição fechada (<strong>de</strong> circularida<strong>de</strong>, recursivida<strong>de</strong>) do organismo,<br />

tendo também o sistema nervoso como um sistema fechado, que o conhecer surge<br />

como um “operar a<strong>de</strong>quado à circunstância – <strong>de</strong> modo que essas duas condições<br />

– a organização e a adaptação à circunstância – se conservem” (id. Ibid.,p. 36) -<br />

idéia que é construída e <strong>de</strong>senvolvida pelo autor ao lado <strong>de</strong> Francisco Varela 12 .<br />

Traz o conceito <strong>de</strong> “autopoiese” 13 para explicitar o processo em que<br />

organismo e meio interagem, mudam em congruência e interação, num sistema <strong>de</strong><br />

conservação, circularida<strong>de</strong> e auto-organização que supera, segundo o autor, a<br />

separação entre eles. Propondo-se <strong>de</strong>sse modo, a analisar e explicar os processos<br />

psicofisiológicos, a autoconsciência e a emoção, admite o externo, o espaço<br />

relacional e sua influência, partindo <strong>de</strong> um princípio biológico.<br />

Defen<strong>de</strong>ndo que os sistemas vivos são “entida<strong>de</strong>s autônomas” e, apesar <strong>de</strong><br />

necessitarem <strong>de</strong> um “intercâmbio <strong>de</strong> material” com o meio para sua existência<br />

concreta, todos os fenômenos relacionados a eles <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m essencialmente da<br />

“forma pela qual sua autonomia é realizada”, sendo que essa autonomia é “o<br />

resultado <strong>de</strong> sua organização 14 como sistemas em contínua auto-produção”<br />

(Maturana, 2002:134).<br />

A partir dos pressupostos explicitados para a compreensão e entendimento<br />

do ser vivo, vamos percebendo que os princípios <strong>de</strong> auto-organização e<br />

intercâmbio material, congruência ou interação, são conceitos centrais nas<br />

elaborações <strong>de</strong> Maturana. Nesse contexto, po<strong>de</strong>mos indagar como se constitui a<br />

consciência e o funcionamento psíquico do ser h<strong>uma</strong>no para o autor. Em suas<br />

palavras:<br />

12 Em: De máquinas a seres vivos: Autpoiese – a organização do Vivo.<br />

13 Consi<strong>de</strong>rando os pressupostos teóricos <strong>de</strong> auto-produção e recursivida<strong>de</strong>, partindo <strong>de</strong> estudos acerca <strong>de</strong><br />

organismos celulares e as trocas que ocorrem entre o núcleo da célula e o citoplasma, Maturana (2002) afirma<br />

que opta pelo termo autopoiese em oposição a autopráxis por enten<strong>de</strong>r que conforme a etimologia da palavra<br />

que vem do grego, refere-se ao ser que se produz continuamente, poeticamente e não em termos <strong>de</strong> conflito<br />

ou luta.<br />

14 A organização do sistema autopoiético estabelece, <strong>de</strong> acordo com o biólogo, que: “na medida em que é<br />

<strong>de</strong>finido como <strong>uma</strong> unida<strong>de</strong> por sua autopoiese, “a única restrição constitutiva que ele <strong>de</strong>ve satisfazer é que<br />

todas as suas trajetórias <strong>de</strong> estado levem à autopoiese; caso contrário, ele se <strong>de</strong>sintegra. Portanto, um sistema<br />

autopoiético, enquanto autopoiético, é um sistema dinâmico fechado no qual a todos os fenômenos são<br />

subordinados à sua autopoiese e todos os seus estados são estados na autopoieses” (Maturana, 1998: 134).

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