Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
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significa dor. Um chute, empurrão, nem sempre é <strong>uma</strong> agressão. São vários os<br />
sentidos, os significados que po<strong>de</strong>m ser atribuídos às manifestações e às emoções<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do contexto em que elas emergem e da própria história do sujeito que<br />
as sente e manifesta.<br />
Vigotski <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que estudar o psiquismo h<strong>uma</strong>no é estudar as práticas<br />
sociais, pois o psiquismo emerge e se <strong>de</strong>senvolve a partir <strong>de</strong>ssas práticas, <strong>de</strong>ntre<br />
elas, a educação. O homem assim se constitui, enquanto ser h<strong>uma</strong>no, estando<br />
imerso em relações sociais, histórico-culturais. Aponta ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
consi<strong>de</strong>rar o funcionamento mental como um processo <strong>de</strong> apropriação e<br />
elaboração <strong>de</strong> cultura, na medida em que as funções psicológicas superiores são<br />
funções/relações internalizadas <strong>de</strong> <strong>modos</strong> sociais <strong>de</strong> interação – incluindo as<br />
formas <strong>de</strong> ação e signos (instrumental psicológico) e os artefatos culturais<br />
(instrumentos técnicos).<br />
Desta forma, estudar as emoções, seu lugar no funcionamento psíquico, no<br />
processo <strong>de</strong> constituição do ser h<strong>uma</strong>no, aponta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreendê-las<br />
a partir dos jogos <strong>de</strong> relações, nas/pelas práticas sociais <strong>de</strong> sujeitos que se<br />
emocionam em suas ações <strong>de</strong> conhecer. A educação está implicada no modo<br />
como nós concebemos o funcionamento mental ou a formação psíquica,<br />
enten<strong>de</strong>ndo o <strong>de</strong>senvolvimento h<strong>uma</strong>no como um processo histórico, cultural, a<br />
partir das formulações <strong>de</strong> Marx, assumidas por Vigotski.<br />
Não se trata, portanto <strong>de</strong>, simplesmente valorizar a dimensão afetiva, no<br />
processo <strong>de</strong> constituição do conhecimento e do ser h<strong>uma</strong>no apenas. Trata-se,<br />
<strong>sobre</strong>tudo, <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as emoções h<strong>uma</strong>nas, buscando analisar alg<strong>uma</strong>s das<br />
diferentes concepções, que <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong> forma acabam por repercutir no processo<br />
<strong>de</strong> ensino-aprendizagem, no trabalho pedagógico do professor em sala <strong>de</strong> aula.<br />
Refletir acerca das implicações <strong>de</strong>ssas concepções – na maioria, fundamentadas<br />
em princípios biológicos, n<strong>uma</strong> abordagem naturalista, inspirada nos trabalhos <strong>de</strong><br />
Darwin – para esse processo. Enten<strong>de</strong>ndo as emoções, como funcionam, o lugar<br />
que ocupam e sua função no psiquismo h<strong>uma</strong>no e por outro lado, como são<br />
explicadas por alguns dos relevantes autores que se <strong>de</strong>dicam ao tema e, centrando<br />
as análises na trama das relações sociais, que este trabalho é <strong>uma</strong> contribuição a