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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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Maturana e as coor<strong>de</strong>nações consensuais <strong>de</strong> conduta: o linguajar, o<br />

emocionar e o conversar<br />

Maturana não se <strong>de</strong>tém na análise das possíveis relações entre emoção e<br />

consciência, mas é interessante notar que o autor admite o caráter relacional<br />

<strong>de</strong>stes fenômenos, que mantêm entre si <strong>uma</strong> relação causal.<br />

Partindo <strong>de</strong> um princípio biológico, explicitado anteriormente, o autor<br />

consi<strong>de</strong>ra os seres h<strong>uma</strong>nos como sistemas operacionalmente fechados,<br />

autopoiéticos e estruturalmente <strong>de</strong>terminados, e as emoções como características<br />

<strong>de</strong>sses sistemas. Defen<strong>de</strong>ndo que os sistemas vivos são “entida<strong>de</strong>s autônomas”<br />

que, apesar <strong>de</strong> necessitarem <strong>de</strong> um meio para sua existência concreta, <strong>de</strong><br />

“intercâmbio <strong>de</strong> material”, todos os fenômenos relacionados a eles <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

essencialmente da “forma pela qual sua autonomia é realizada” (Maturana,<br />

2002:134). Enfatizando a ação e a relação do/entre organismo e meio, Maturana<br />

afirma que a autoconsciência não está no cérebro, mas que pertence ao espaço<br />

relacional que se constitui no operar h<strong>uma</strong>no, na linguagem.Traz assim à<br />

<strong>discussão</strong> a questão da linguagem.<br />

Ao reconhecer e admitir que somos “sistemas <strong>de</strong>terminados em nossa<br />

estrutura” e que sofremos influência do meio circundante, o autor volta-se ao<br />

espaço <strong>de</strong> relações em que se dá a convivência h<strong>uma</strong>na, procurando enfatizar a<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas relações. Desta forma, o autor salienta:<br />

“O h<strong>uma</strong>no surge, na história evolutiva da linhagem h<strong>uma</strong>na à qual<br />

pertencemos ao surgir a linguagem, porém se constitui <strong>de</strong> fato como tal na<br />

conservação <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> viver particular centrado em compartilhar<br />

alimentos, na colaboração <strong>de</strong> machos e fêmeas na criação das crianças, no<br />

encontro sensual individualizado recorrente, e no conversar. Por isto, toda<br />

relação h<strong>uma</strong>na se estabelece na linguagem (...)” (Maturana, 1998: 86).<br />

Então, segundo Maturana, toda a história individual h<strong>uma</strong>na é sempre <strong>uma</strong><br />

epigênese na convivência h<strong>uma</strong>na:

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