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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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Ressaltando a complexida<strong>de</strong> do ato <strong>de</strong> conhecimento que implica a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exprimir a si mesmo, n<strong>uma</strong><br />

configuração dialógica do “ativismo cognoscente e o ativismo do que se abre”,<br />

Bakhtin (2003) afirma:<br />

“Aqui estamos diante da expressão e do conhecimento (compreensão) da<br />

expressão. A complexa dialética do interior e do exterior. O indivíduo não tem<br />

apenas meio e ambiente, tem também horizonte próprio. A interação do<br />

horizonte do cognoscente com o horizonte do cognoscível. Os elementos <strong>de</strong><br />

expressão (o corpo não como materialida<strong>de</strong> morta, o rosto, os olhos, etc.);<br />

neles se cruzam e se combinam duas consciências (a do eu e a do outro);<br />

aqui eu existo para o outro com o auxílio do outro” (p.394).<br />

Neste processo:<br />

“Tudo o que me diz respeito, a começar pelo meu nome, chega do mundo<br />

exterior à minha consciência pela boca dos outros (da minha mãe, etc.), com<br />

sua entonação, em sua tonalida<strong>de</strong> valorativo-emocional. A princípio eu tomo<br />

consciência <strong>de</strong> mim através dos outros: <strong>de</strong>les eu recebo as palavras, as<br />

formas e a tonalida<strong>de</strong> para a formação da primeira noção <strong>de</strong> mim mesmo. Os<br />

elementos do infantilismo da autoconsciência (...) às vezes permanecem até<br />

o fim da vida (a concepção e a noção <strong>de</strong> mim mesmo, do meu corpo, do meu<br />

rosto e do passado em tons carinhosos). Como o corpo se forma inicialmente<br />

no seio (corpo) materno, assim a consciência do homem <strong>de</strong>sperta envolvida<br />

pela consciência do outro. Mais tar<strong>de</strong> começa a a<strong>de</strong>quar a si mesmo as<br />

palavras e categorias neutras, isto é, a <strong>de</strong>finir, a si mesmo como homem<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do eu do outro” (p. 374).<br />

Vigotski, partindo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> concepção muito próxima da perspectiva<br />

bakhtiniana, acerca do h<strong>uma</strong>no, da consciência, também assume a linguagem e a<br />

palavra enquanto signo como centrais em sua obra. Em suas elaborações acerca<br />

da significação, falando do gesto <strong>de</strong> apontar, o autor <strong>de</strong>screve, <strong>de</strong> maneira<br />

prototípica, o movimento que se torna gesto, que se torna signo nas relações<br />

sociais. Nesse sentido, os movimentos, os gestos, os afetos, o que chamamos <strong>de</strong><br />

manifestações emocionais como o choro, o riso, a agressão, e mesmo o silêncio, já<br />

não são apenas sinais que o corpo expressivo apresenta, mas têm o estatuto <strong>de</strong><br />

signos, <strong>uma</strong> vez que esse corpo expressivo está imerso na cultura.

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