Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
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Propondo, assim, <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> “polifonia <strong>de</strong> consciências coexistentes”<br />
que se expressa n<strong>uma</strong> “multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vozes”, o autor se refere às<br />
manifestações dialógicas como “um fenômeno bem mais amplo do que as réplicas<br />
do diálogo expresso composicionalmente – são um fenômeno quase universal, que<br />
penetra toda a linguagem h<strong>uma</strong>na e todas as relações e manifestações da vida<br />
h<strong>uma</strong>na, em s<strong>uma</strong>, tudo o que tem sentido e importância” (id., ibid., p. 42).<br />
Contudo, Bakhtin (1981), focalizando estudos da linguagem criticando<br />
<strong>de</strong>terminadas tendências que se con<strong>de</strong>nsam em correntes do pensamento<br />
filosófico-linguístico como o subjetivismo individualista e o objetivismo abstrato,<br />
indaga-se acerca do modo <strong>de</strong> existência da realida<strong>de</strong> lingüística, do problema da<br />
natureza real dos fenômenos lingüísticos, trazendo à <strong>discussão</strong> questões<br />
relacionadas à evolução da língua, a interação verbal e ao problema da<br />
significação. A linguagem em seu caráter relacional é discutida, compreendia e<br />
analisada em sua íntima relação com o signo e à i<strong>de</strong>ologia, a partir da<br />
problematização das condições <strong>de</strong> produção e da natureza social da enunciação.<br />
Enfatizando que a palavra, enquanto signo, funciona como um instrumento<br />
essencial da consciência tornando-se o “primeiro meio da consciência individual”,<br />
Bakhtin (1981) postula:<br />
“Embora a realida<strong>de</strong> da palavra, como <strong>de</strong> qualquer signo, resulte do<br />
consenso entre os indivíduos, <strong>uma</strong> palavra é, ao mesmo tempo, produzida<br />
pelos próprios meios do organismo individual. (...) Isso <strong>de</strong>terminou o papel<br />
da palavra como material semiótico da vida interior, consciência (discurso<br />
interior). Na verda<strong>de</strong>, a consciência não po<strong>de</strong>ria se <strong>de</strong>senvolver se não<br />
dispusesse <strong>de</strong> um material flexível, veiculável pelo corpo. E a palavra<br />
constitui exatamente esse material. A palavra é, por assim dizer, utilizável<br />
como signo interior; po<strong>de</strong> funcionar como expressão externa. Por isso o<br />
problema da consciência individual como problema da palavra interior,<br />
constitui um dos problemas fundamentais da filosofia da linguagem” (p. 37).<br />
Por outro lado, na medida em funciona como um instrumento da<br />
consciência, a palavra (signo por exelência) acompanha toda criação i<strong>de</strong>ológica e<br />
seus processos <strong>de</strong> compreensão, pois todos esses “fenômenos ou processos<br />
h<strong>uma</strong>nos banham-se no discurso”, não sendo contudo suplantados por ele.