Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
19<br />
“O que conotamos quando falamos da psique e do psíquico tampouco ocorre<br />
no cérebro, mas se constitui como um modo <strong>de</strong> relação com a circunstância<br />
e/ou com o outro, que adquire <strong>uma</strong> complexida<strong>de</strong> espacial na recursivida<strong>de</strong><br />
do operar h<strong>uma</strong>no na linguagem”(Maturana, 1998: 28).<br />
Percebemos um modo <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o ser h<strong>uma</strong>no, e os fenômenos ou<br />
processos que os constituem com <strong>uma</strong> ênfase nas (inter)relações que se<br />
estabelecem nas/pelas interações entre organismo e meio.<br />
Assim compreendido o funcionamento psíquico, relacionado à linguagem, ao<br />
princípio <strong>de</strong> autopoiese, indagamos como a emoção é concebida pelo autor:<br />
“quando falamos <strong>de</strong> emoções, estamos fazendo referência aos domínios <strong>de</strong> ações<br />
nos quais um animal se move, às ações possíveis do outro que po<strong>de</strong> ser tanto um<br />
animal ou como <strong>uma</strong> pessoa. Desse modo, as emoções são concebidas pelo autor<br />
como os “diferentes domínios <strong>de</strong> ações possíveis nas pessoas e animais, e as<br />
distintas disposições corporais que os constituem e realizam” (id., ibid.,p.22).<br />
Há <strong>uma</strong> idéia bastante relevante que convém ser <strong>de</strong>stacada: a <strong>de</strong> que as<br />
emoções permeiam, influenciam e interferem nas relações h<strong>uma</strong>nas. A partir <strong>de</strong><br />
então, Maturana opta na <strong>discussão</strong> que faz <strong>sobre</strong> sua teoria, por utilizar o termo<br />
emocionar, pois <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que este contempla o caráter dinâmico, <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z das<br />
emoções que são <strong>de</strong>finidas por domínios <strong>de</strong> ações em que se movem – e são<br />
movidos? – os seres vivos. Tais consi<strong>de</strong>rações e constatações o levam a afirmar<br />
que diferentes emoções especificam diferentes domínios <strong>de</strong> ações, sendo que<br />
comunida<strong>de</strong>s h<strong>uma</strong>nas que se fundam em emoções diferentes do amor, estarão<br />
constituídas em outros domínios <strong>de</strong> ações: “em coor<strong>de</strong>nações <strong>de</strong> ações que não<br />
implicam a aceitação do outro como legítimo outro na convivência, e não serão<br />
comunida<strong>de</strong>s sociais” (id., ibid., p. 26).<br />
Desta forma, para o autor, o amor é a emoção fundandora do social, é o que<br />
possibilita o que ele classifica como o processo <strong>de</strong> hominização, porque coloca o