Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
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“toda história individual h<strong>uma</strong>na é <strong>uma</strong> transformação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> estrutura<br />
inicial hominí<strong>de</strong>a fundadora, <strong>de</strong> maneira contingente com <strong>uma</strong> história<br />
particular <strong>de</strong> interações que se dá constitutivamente no espaço h<strong>uma</strong>no.<br />
Esta se constitui na história hominí<strong>de</strong>a a que pertencemos com o<br />
estabelecimento <strong>de</strong> linguajar como nosso modo <strong>de</strong> viver. A célula inicial que<br />
funda um organismo constitui sua estrutura inicial dinâmica, aquela que irá<br />
mudando como resultado <strong>de</strong> seus próprios processos internos, num curso<br />
modulado por suas interações num meio, segundo <strong>uma</strong> dinâmica histórica na<br />
qual a única coisa que os agentes externos fazem é <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar mudanças<br />
estruturais <strong>de</strong>terminadas nessa estrutura. O resultado <strong>de</strong> tal processo é um<br />
<strong>de</strong>vir <strong>de</strong> mudanças estruturais contingente com a seqüência <strong>de</strong> interações do<br />
organismo, que dura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início até sua morte como num processo<br />
histórico, porque o presente do organismo surge em cada instante como <strong>uma</strong><br />
transformação do presente do organismo neste instante. O futuro <strong>de</strong> um<br />
organismo nunca está <strong>de</strong>terminado em sua origem”( id, ibid.,p.28-29).<br />
Temos um processo biológico <strong>de</strong> transformação e reestruturação, evolutivo,<br />
natural e inerente a todo ser h<strong>uma</strong>no <strong>de</strong> qualquer socieda<strong>de</strong> e cultura, o que po<strong>de</strong><br />
nos remeter ao construtivismo <strong>de</strong> Piaget – <strong>de</strong> quem, no entanto, Maturana faz<br />
questão <strong>de</strong> se distinguir. Trata-se <strong>de</strong> um processo histórico porque contempla as<br />
interações progressivas que se estabelecem entre organismo e meio na história<br />
<strong>de</strong>sse organismo e da espécie, porque há o linguajar que possibilita o processo <strong>de</strong><br />
hominização. O que por sua vez é explicado pelo surgimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> emoção (o<br />
amor), um fenômeno biológico animal, mamífero, como vimos.<br />
Muitas <strong>de</strong>ssas constatações nos levam, a princípio, a indagar acerca <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
possível relação entre as idéias do biólogo e <strong>de</strong> autores como Vigostki e Bakhtin<br />
que colocam a linguagem na centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas concepções e indagações<br />
acerca da consciência e do psiquismo h<strong>uma</strong>no. No entanto, antes <strong>de</strong> mais nada,<br />
faz-se necessário explicitar como o autor concebe a linguagem e quais as<br />
implicações <strong>de</strong>sse conceito.<br />
Em relação à <strong>de</strong>finição e concepção <strong>de</strong> linguagem, Maturana posiciona-se:<br />
“Há pouco eu disse que a linguagem é um domínio <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nações<br />
consensuais <strong>de</strong> condutas <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nações consensuais <strong>de</strong> condutas. Notem<br />
vocês que se eu tivesse dito: a linguagem é nosso instrumento <strong>de</strong><br />
comunicação, teria colocado a linguagem no corpo, como instrumento através<br />
do qual manejamos símbolos na comunicação. Se eu manipulasse algo que é<br />
um símbolo para transferi-lo para outro, trataria a linguagem como <strong>uma</strong>