Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
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por palavras seja <strong>uma</strong> consigna falada ou a expressão verbal <strong>de</strong> <strong>uma</strong> intenção, não<br />
po<strong>de</strong>ria ser fixada pela consciência, Wallon elabora:<br />
“A imagem sensível não é o único elemento constituinte da representação...<br />
ela ten<strong>de</strong> já para a linguagem, o instrumento melhor sistematizado e mais<br />
expeditivo do pensamento, que maneja não as coisas, mas os símbolos, ou<br />
que maneja as coisas por meio <strong>de</strong> símbolos... A relação entre significante e<br />
significado não po<strong>de</strong> ser a simples resultante automática da ativida<strong>de</strong><br />
prática... É a este po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> substituição que se reduz a função simbólica... A<br />
função simbólica é o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> encontrar para um objeto a sua representação<br />
e para esta representação um signo... Artificial na medida em que a sua<br />
forma e significação se fazem mais abstratas, a própria origem do signo já<br />
não po<strong>de</strong> ser procurada nas coisas. O signo implica como que <strong>uma</strong><br />
cumplicida<strong>de</strong>, um entendimento com os outros. Tem necessariamente por<br />
matriz a socieda<strong>de</strong>...” (Wallon, apud Smolka,1979:165-187).<br />
Vigotski e Bakhtin aprofundam-se no assunto, colocando a centralida<strong>de</strong> da<br />
palavra enquanto signo para a constituição da consciência e do próprio ser<br />
h<strong>uma</strong>no, trazendo a problemática da significação.<br />
Nessa perspectiva, a linguagem assume um lugar central, há então <strong>uma</strong><br />
passagem da representação à significação, o que implica mesmo o processo <strong>de</strong><br />
formação <strong>de</strong> imagens é afetado, permeado e constituído por signos e sentidos<br />
socialmente constituídos e legitimados, que como fenômenos, criações i<strong>de</strong>ológicas<br />
trazem um/muitos valores agregados. Assim, mesmo que o processo pressuponha<br />
mecanismos básicos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m orgânica, neurológica, reflexológica (como nos<br />
mostra Damásio) não se encontram nessas esferas <strong>uma</strong> explicação satisfatória.<br />
N<strong>uma</strong> reflexão extremamente relevante Bakhtin indaga-se acerca da<br />
realida<strong>de</strong> do psiquismo subjetivo e postula:<br />
“A realida<strong>de</strong> do psiquismo interior é a do signo. Sem material semiótico não<br />
se po<strong>de</strong> falar em psiquismo. Po<strong>de</strong>-se falar <strong>de</strong> processos fisiológicos, <strong>de</strong><br />
processos do sistema nervoso, mas não <strong>de</strong> processo do psiquismo subjetivo<br />
<strong>uma</strong> vez que ele é um traço particular do ser, radicalmente diferente, tanto<br />
dos processos fisiológicos que se <strong>de</strong>senrolam no organismo, quanto da<br />
realida<strong>de</strong> exterior ao organismo, realida<strong>de</strong> à qual o psiquismo reage e que ele<br />
reflete, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> maneira ou <strong>de</strong> outra. Por natureza, o psiquismo subjetivo<br />
localiza-se no limite do organismo e do mundo exterior, vamos dizer, na<br />
fronteira <strong>de</strong>ssas duas esferas da realida<strong>de</strong>. É nessa região limítrofe que se dá<br />
o encontro entre o organismo e o mundo exterior, mas esse encontro não é