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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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linguagem, ela possa ser usada na agressão” (Maturana, 1998: 22-23).<br />

66<br />

Maturana assinala que os seres vivos, os organismos, vivem num espaço<br />

condutal ou <strong>de</strong> ações, em que suas ações vão se transformando e se coor<strong>de</strong>nando<br />

em diferentes domínios e a partir <strong>de</strong> diferentes disposições corporais. Os seres<br />

h<strong>uma</strong>nos em suas “ações <strong>de</strong> conhecer”, vão se <strong>de</strong>senvolvendo e se relacionando<br />

através <strong>de</strong> um modo especificamente h<strong>uma</strong>no <strong>de</strong> operar, <strong>de</strong> se movimentar e se<br />

relacionar que se dá no entrelaçamento do linguajar e do emocionar. Imersas no<br />

emocionar e no linguajar – como “um operar em um espaço <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nações<br />

condutais consensuais” cujo entrelaçamento é “simples resultado da convivência<br />

com os outros em um curso contingente com tal convivência” – as crianças vão<br />

naturalmente apren<strong>de</strong>ndo a se comportar, a se emocionar. Nas palavras do autor:<br />

“Ao nos movimentarmos na linguagem em interações com outros, mudam<br />

nossas emoções segundo um emocionar que é função da história das<br />

interações que tenhamos vivido, e no qual surgiu nosso emocionar como um<br />

aspecto <strong>de</strong> nossa convivência com os outros, fora e <strong>de</strong>ntro do linguajar. Ao<br />

mesmo tempo, ao fluir nosso emocionar em um curso que tem resultado <strong>de</strong><br />

nossa história <strong>de</strong> convivência <strong>de</strong>ntro e fora da linguagem, mudamos <strong>de</strong><br />

domínios <strong>de</strong> ações e, portanto mudamos o curso <strong>de</strong> nosso linguajar e <strong>de</strong><br />

nosso raciocínio. A este fluir entrelaçado <strong>de</strong> emocionar e linguajar <strong>de</strong>nomino<br />

“conversar”, e chamo conversação ao fluir no conversar em <strong>uma</strong> re<strong>de</strong><br />

particular <strong>de</strong> linguajar e emocionar” (Maturana, 1998: 83-84).<br />

Mediante tal formulação, Maturana (2002) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a verda<strong>de</strong>ira<br />

problemática da linguagem resi<strong>de</strong> em se “chegar a um acordo <strong>sobre</strong> sinalização <strong>de</strong><br />

algo, chegar a um consenso no operar – o consenso que constitui a sinalização”. E,<br />

exemplifica a seguir:<br />

“se você tem um cão e aponta algo com o <strong>de</strong>do, o cão se orienta para on<strong>de</strong><br />

sua mão aponta. Então, a pergunta é: “O que <strong>de</strong>ve ocorrer nas minhas<br />

interações com o cão para que, se eu apontar algo, o cão se oriente para o<br />

que eu estou apontando?” Para nós isso parece <strong>uma</strong> coisa fácil porque<br />

vivemos imersos nisto (...) “Como po<strong>de</strong> surgir esse apontar?” Esse é o<br />

verda<strong>de</strong>iro segredo da linguagem: o apontar” (p. 37).

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