Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
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Gonzáles Rey (2002) <strong>de</strong>staca então, a dimensão do sentido como<br />
fundamental para compreensão, explicação e <strong>de</strong>finição do subjetivo. Mediante tais<br />
constatações como é compreendido o funcionamento psíquico, a psique h<strong>uma</strong>na?<br />
A psique h<strong>uma</strong>na é compreendida como “sistema <strong>de</strong> sentidos subjetivos”.<br />
Apresenta-se assim, a categoria <strong>de</strong> sentido subjetivo, relacionada à representação<br />
das inúmeras experiências do sujeito em diferentes zonas <strong>de</strong> sentidos, vivências<br />
diversas, mediante sua inclusão em outros registros <strong>de</strong> sentido que já estão<br />
constituídos no nível subjetivo. Se para Maturana o caráter relacional da psique<br />
que emerge mediante complexas relações entre os homens é enfatizado, em<br />
Gonzáles Rey o que é relevado acaba sendo o processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sentidos<br />
e subjetivida<strong>de</strong>.<br />
O conceito <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> é assim apresentado por Gonzáles Rey (2002)<br />
como um conceito que, sendo primordialmente teórico, constitui-se como um<br />
cenário para explicar outros conceitos. Precisa, portanto, ser <strong>de</strong>sdobrado <strong>de</strong><br />
acordo com o autor, no conceito <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> social 42 e subjetivida<strong>de</strong><br />
individual 43 . Enten<strong>de</strong>ndo que tal proposição se faz extremamente relevante para a<br />
Psicologia que vem tratando a questão com base na polêmica dicotomia<br />
socieda<strong>de</strong>/indivíduo, social/individual.<br />
Tais idéias nos levam a pensar num sujeito que não se reduz ao organismo<br />
em congruência ou interação com o meio, sugerindo que o homem não se apropria<br />
<strong>de</strong> significados, mas que gera, constantemente, emocionalida<strong>de</strong>s, pensa e sente<br />
estes significados. Na perspectiva do autor, há <strong>uma</strong> produção emocional <strong>de</strong><br />
significados. De maneira que, a subjetivida<strong>de</strong> é compreendida e <strong>de</strong>finida como<br />
42 Trazer o conceito <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> social é importante para o autor, na medida que explicita ou possibilita a<br />
compreensão <strong>de</strong> <strong>uma</strong> integração <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> sentido subjetivo produzidos nas diferentes zonas da vida<br />
social da pessoa e, ainda assim, se fazem presentes no processo <strong>de</strong> relação que caracterizam qualquer grupo<br />
ou agência social no momento atual <strong>de</strong> seu funcionamento. Desse modo, a subjetivação social “aparece<br />
constituída <strong>de</strong> forma diferenciada nas expressões <strong>de</strong> cada sujeito concreto, cuja subjetivida<strong>de</strong> individual está<br />
atravessada <strong>de</strong> forma permanente pela subjetivida<strong>de</strong> social” (Gonzáles Rey, 2002: 215).<br />
43 A subjetivida<strong>de</strong> individual compreen<strong>de</strong> e dá visibilida<strong>de</strong> aos processos <strong>de</strong> subjetivação que estão<br />
relacionados tanto à experiência social do sujeito concreto, quanto às formas <strong>de</strong> organização <strong>de</strong>sta experiência<br />
por meio do curso da história do sujeito. De maneira que esse processo e essa organização constituem-se em<br />
dois momentos, n<strong>uma</strong> constante relação dialética que marca o <strong>de</strong>senvolvimento da subjetivida<strong>de</strong>. O indivíduo<br />
se constitui <strong>de</strong>ntro da subjetivida<strong>de</strong> social que, por sua vez, coloca-se como um momento <strong>de</strong> diferenciação no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da mesma. E, é importante ressaltar também que a subjetivida<strong>de</strong> individual tem ainda, dois<br />
momentos essenciais: a personalida<strong>de</strong> e o sujeito. De acordo com o autor, momentos que integrando entre si<br />
no curso contraditório <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento, se exprimem em <strong>uma</strong> relação na qual um supõe o outro, um é<br />
momento constituinte do outro e está constituído pelo outro, sem que isto implique diluir um no outro.