Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
41<br />
dialético. Partindo <strong>de</strong>sse mesmo pressuposto, Wallon e Bakhtin, partilham idéias e<br />
concepções acerca do ser h<strong>uma</strong>no e <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, apesar<br />
<strong>de</strong> enfocarem e <strong>de</strong>dicarem seus estudos a temas diferentes.<br />
De acordo com Vigotski a essência do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento cultural<br />
consiste na idéia <strong>de</strong> que é através dos outros que nos constituímos, o que<br />
caracteriza o caráter dramático do processo dinâmico <strong>de</strong> constituição da<br />
personalida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na em que necessariamente as funções superiores antes <strong>de</strong><br />
se tornarem internas, terem sido externas:<br />
“isto é, ter sido para os outros, aquilo que agora é para si. Isto é o centro <strong>de</strong><br />
todo o problema do interno e do externo.(...) Para nós, falar <strong>sobre</strong> processo<br />
externo significa falar social. Qualquer função psicológica superior foi externa<br />
– significa que ela foi social; antes <strong>de</strong> se tornar função, ela foi <strong>uma</strong> relação<br />
social entre duas pessoas.” (Vigotski, 2000: p. 24).<br />
Nas formulações <strong>de</strong> Bakhtin (1999) acerca das relações entre psiquismo e<br />
i<strong>de</strong>ologia, po<strong>de</strong>mos perceber semelhante tentativa <strong>de</strong> tematizar essa tensão sem<br />
que se caia num reducionismo, num <strong>de</strong>terminismo ou num relativismo. De acordo<br />
com este autor, há <strong>uma</strong> concepção amplamente <strong>de</strong>fendida que compreen<strong>de</strong> o<br />
psiquismo como fenômeno “individual” e a i<strong>de</strong>ologia como fenômeno “social”. Ao<br />
contrário, salienta o autor, o indivíduo apresenta-se como um fenômeno sócioi<strong>de</strong>ológico<br />
e “a própria etapa em que o indivíduo se conscientiza <strong>de</strong> sua<br />
individualida<strong>de</strong> e dos direitos que lhe pertencem é i<strong>de</strong>ológica, histórica, e<br />
internamente condicionada por fatores sociológicos” (p. 58).<br />
Desta forma, para o autor: “o objeto <strong>de</strong> estudo das ciências h<strong>uma</strong>nas é o ser<br />
expressivo e falante. Esse ser que nunca coinci<strong>de</strong> consigo mesmo e por isso é<br />
inesgotável em seu sentido e significado” (Bakhtin, 2003: 395). O ser que emerge e<br />
se constitui na mudança, na relação dialógica com o outro, sendo afetado e<br />
afetando-o.<br />
Wallon, também enfatiza a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não se estudar os fatos isolados,<br />
procurando <strong>conceber</strong> o ser h<strong>uma</strong>no n<strong>uma</strong> relação dialética: