29.04.2013 Views

Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

17<br />

Maturana e a biologia do conhecer: o emocionar como característica<br />

das relações<br />

As idéias e afirmações <strong>de</strong> Maturana acerca do ser h<strong>uma</strong>no e, <strong>de</strong> suas<br />

interações com o mundo em suas “ações <strong>de</strong> conhecer”, são bastante<br />

contun<strong>de</strong>ntes. O autor admite os seres h<strong>uma</strong>nos como sistemas operacionalmente<br />

fechados, <strong>de</strong>senvolvendo-se em um processo <strong>de</strong> “acoplamento estrutural com o<br />

meio”, mas estruturalmente <strong>de</strong>terminados, auto-organizados e auto-produtores:<br />

autopoiéticos 11 .<br />

Em sua Ontologia da Realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com Graciano e Magro (2002), o<br />

autor propõe que<br />

“ser vivo e circunstância mu<strong>de</strong>m juntos através <strong>de</strong> um contínuo acoplamento<br />

estrutural, em um processo por ele <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong>riva natural. Com essa<br />

expressão, ele indica que não há pré-<strong>de</strong>terminismo nem no ser vivo, nem no<br />

todo do processo evolutivo. Determinismo, aqui, é algo que ocorre passo a<br />

passo no encontro do ser vivo com a sua circunstância. Conhecimento e<br />

evolução, portanto, se encontram na teoria <strong>de</strong> Maturana. Conhecer, assim<br />

como adaptar-se, é apresentar <strong>uma</strong> conduta a<strong>de</strong>quada, <strong>uma</strong> conduta<br />

congruente com a circunstância na qual essa conduta se realiza, sendo<br />

ambos possibilitados e <strong>de</strong>terminados pela estrutura do ser em questão” (p.<br />

23).<br />

Sob a mesma hipótese explicativa para o fenômeno da evolução e o<br />

fenômeno da cognição, o autor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> <strong>uma</strong> congruência interativa entre<br />

organismo e meio, ser vivo e circunstância que, se explicita na afirmação <strong>de</strong> que<br />

“no momento em que o organismo não está mais em congruência com sua<br />

circunstância, morre – acaba o conhecimento <strong>de</strong> sua circunstância” (Maturana,<br />

1998: 36).<br />

11 Nas palavras do autor: “Nós, seres vivos, somos sistemas <strong>de</strong>terminados em nossa estrutura. Isso quer dizer<br />

que somos sistemas tais que, quando algo externo inci<strong>de</strong> <strong>sobre</strong> nós, o que acontece conosco <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós,<br />

<strong>de</strong> nossa estrutura nesse momento, e não <strong>de</strong> algo externo” (id. Ibid.,p.27).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!