Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar
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Assim, a dimensão da significação está profundamente ligada a capacida<strong>de</strong><br />
criadora do homem, que <strong>de</strong> acordo com os princípios marxistas, transforma a<br />
natureza e nesse processo transforma a si mesmo. De maneira que, não é o<br />
sentido, subjetivo como nos aponta Gonzáles Rey, mas a significação entendida<br />
nesses termos, como (re)produção h<strong>uma</strong>na, criação h<strong>uma</strong>na, que permite ao<br />
homem elaborar, construir, (re)significar afetos, ações, emoções, não se sujeitando<br />
a significados e sentidos (im)postos pela socieda<strong>de</strong>. A significação é antes <strong>de</strong> tudo,<br />
criação h<strong>uma</strong>na. E, criação que emerge no entrelaçamento do indivíduo, homem<br />
com seu entorno, seu meio histórico-cultural.<br />
O modo como compreen<strong>de</strong>mos a significação consiste em consi<strong>de</strong>rá-la<br />
como um processo mais amplo que não se restringe ao significado, tampouco ao<br />
sentido. Vamos percebendo que consi<strong>de</strong>rar tal processo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> concepção<br />
novamente dual, além da possível dicotomia que se produz, nos distancia dos<br />
princípios <strong>de</strong> Vigotski.<br />
Organismo e mundo encontram-se no signo como afirma Bakhtin. A<br />
linguagem e a significação enquanto ação <strong>de</strong> significar gesto, ação, palavra,<br />
emoção, são fundamentais à constituição do h<strong>uma</strong>no, ressalta Vigotski. Aqui,<br />
encontramos importantes elementos para avançar na problemática conceitual das<br />
emoções, recolocando o lugar das mesmas no processo <strong>de</strong> constituição do<br />
conhecimento e do próprio ser h<strong>uma</strong>no, rompendo com o dualismo que ainda<br />
persiste em relação à racionalida<strong>de</strong> – e que assim se (re)coloca atualmente:<br />
emoção X razão – e indivíduo e socieda<strong>de</strong>. Especialmente a indagar acerca <strong>de</strong><br />
como <strong>conceber</strong> as emoções relacionadas à linguagem e à significação.<br />
Salientando que a palavra (signo) na medida em funciona como um<br />
instrumento da consciência acompanha toda criação i<strong>de</strong>ológica e seus processos<br />
<strong>de</strong> compreensão, Bakhtin (1981) afirma:<br />
“Os processos <strong>de</strong> compreensão <strong>de</strong> todos os fenômenos i<strong>de</strong>ológicos (um<br />
quadro, <strong>uma</strong> peça musical, um ritual ou um comportamento h<strong>uma</strong>no) não<br />
po<strong>de</strong>m operar sem a participação do discurso interior. Todas as<br />
manifestações da criação i<strong>de</strong>ológica banham-se no discurso e não po<strong>de</strong>m ser<br />
totalmente isoladas nem totalmente separadas <strong>de</strong>le”(p.38).