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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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Em meio a toda essa <strong>discussão</strong>, convém ainda colocar que, como já<br />

<strong>de</strong>stacamos anteriormente, discutindo a questão da oposição entre racional e<br />

emocional, Maturana <strong>de</strong>bate o dualismo entre corpo e alma afirmando que este se<br />

resolve quando “admitimos (...) que somos sistemas <strong>de</strong>terminados em nossa<br />

estrutura e, portanto, que existem certos fenômenos que não ocorrem <strong>de</strong>ntro do<br />

corpo, e sim nas relações com os outros” (p.27). Para exemplificar tal afirmação o<br />

autor faz uso <strong>de</strong> sua concepção <strong>de</strong> linguagem afirmando que ela “não se dá no<br />

corpo, mas sim no fluir em coor<strong>de</strong>nações consensuais <strong>de</strong> conduta”, está, portanto,<br />

na relação. E, tal constatação o distancia <strong>de</strong> Damásio, aproximando-o a princípio,<br />

<strong>de</strong> nossa perspectiva.<br />

Se, por um lado, Damásio em termos da neurobiologia, consi<strong>de</strong>ra as<br />

respostas motoras (ações) e respostas mentais (imagens que se formam na/pela<br />

mente), a emergência do self, buscando explicar e fundamentar a base neural da<br />

subjetivida<strong>de</strong>, n<strong>uma</strong> perspectiva evolucionista que postula a complexida<strong>de</strong> do<br />

funcionamento mental, neurológico, Maturana, nos traz <strong>de</strong> <strong>uma</strong> perspectiva<br />

também evolucionista a complexida<strong>de</strong> das relações que se estabelecem entre os<br />

seres como algo fundamental, crucial para explicar o que caracteriza e distingue o<br />

especificamente h<strong>uma</strong>no – o linguajar, o emocionar e, então o conversar como o<br />

(modo <strong>de</strong>) “operar h<strong>uma</strong>no na linguagem”.<br />

Na consi<strong>de</strong>ração das emoções, Maturana privilegia a linguagem e as<br />

(inter)relações, e isso nos parece <strong>uma</strong> contribuição relevante. Damásio enfoca o<br />

funcionamento mental, a consciência, o que nos parece <strong>de</strong> s<strong>uma</strong> importância. A<br />

questão é como <strong>conceber</strong> estes aspectos (inter)relacionados.<br />

É justamente com relação ao modo <strong>de</strong> <strong>conceber</strong> essa problemática que<br />

vemos a contribuição particularmente valiosa dos trabalhos <strong>de</strong> Vigotski, Wallon e<br />

Bakhtin, na medida em que ressaltam o aspecto constitutivo da vida <strong>de</strong> relação em<br />

tensão dialética com a emergência da consciência e do funcionamento mental (no<br />

nível individual e no nível coletivo).

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