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Emoções: uma discussão sobre modos de conceber e teorizar

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diferentes nuances.<br />

A problemática da emoção é assim compreendida, tratada e analisada,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> abordagem mais ampla, mais complexa e (seguramente) mais<br />

esclarecedora do que tem sido feito até hoje.<br />

Vamos percebendo, contudo, que as diferenças vão sendo marcadas em<br />

relação à forma como se concebe e explica consciência, linguagem e significação e<br />

sua relação com a emoção. A concepção <strong>de</strong> linguagem com a qual trabalhamos,<br />

sendo muito mais ampla do que a apontada por Damásio (verbal, conversão <strong>de</strong><br />

códigos, comunicação), Maturana (coor<strong>de</strong>nações consensuais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nações<br />

consensuais <strong>de</strong> conduta) e, <strong>sobre</strong>tudo por Gonzáles Rey (essencialmente<br />

estruturalista, reduzida à influência <strong>de</strong> Lacan e Saussure) nos abre inúmeras<br />

possibilida<strong>de</strong>s teoórico-metodológicas.<br />

Assumimos que a linguagem constitui o homem, o funcionamento psíquico e<br />

o próprio modo <strong>de</strong> pensar e sentir. Tais pressupostos nos permitem, por exemplo,<br />

abordar a emoção na sua dimensão orgânica e na sua dimensão simbólica - quer<br />

dizer, social -, sem reduzi-la a <strong>uma</strong> pura expressão ou manifestação corporal, mas<br />

tomando-a como algo inescapavelmente partilhado e interpretado, socialmente<br />

produzido, significado, produto e produção histórica e cultural. Nesse sentido, não<br />

é subjetiva, apenas. É <strong>uma</strong> característica orgânica, profundamente marcada e<br />

produzida pelos processos sociais historicamente constituídos e legitimados, o que<br />

nos leva a consi<strong>de</strong>rar as condições <strong>de</strong> produção das emoções h<strong>uma</strong>nas. E,<br />

especialmente, nos leva a romper com a visão da emoção como <strong>uma</strong> “entida<strong>de</strong>”<br />

singular, pessoal, subjetiva, espiritual ou como um mecanismo instintivo, biológico<br />

apenas.<br />

Na obra dos autores da perspectiva histórico-cultural que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos, e<br />

mais especificamente <strong>de</strong> Vigotski, vimos argumentando que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

colocar as emoções num plano diferente, sendo este (in)visível encarnado em que<br />

consistem as emoções h<strong>uma</strong>nas, emoções complexas distantes dos instintos, está<br />

relacionada à profunda imbricação <strong>de</strong> consciência, linguagem e significação.<br />

A partir da perspectiva assumida, po<strong>de</strong>mos concluir que a problemática das<br />

emoções colocada na or<strong>de</strong>m da significação supõe que os diversos <strong>modos</strong> <strong>de</strong>

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