21.06.2013 Views

José Mauro de Vasconcelos - Meu pé de laranja-lima (pdf)(rev)

José Mauro de Vasconcelos - Meu pé de laranja-lima (pdf)(rev)

José Mauro de Vasconcelos - Meu pé de laranja-lima (pdf)(rev)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ele estava se cansando do brinquedo.<br />

— Zezé, cante pra mim a Casinha Pequenina.<br />

— Aqui no Jardim Zoológico? Tem muita gente.<br />

— Não. A gente Já veio s'imbora...<br />

— É muito gran<strong>de</strong> a letra. Vou cantar só o pedaço que você gosta. Sabia que<br />

era on<strong>de</strong> falava <strong>de</strong> cigarras.<br />

Abri o peito.<br />

“Você sabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong> eu venho<br />

É <strong>de</strong> uma casinha que tenho<br />

Fica junto <strong>de</strong> um pomar...<br />

É uma casa pequenina<br />

Lá no alto da colina<br />

E se vê ao longe, o mar...”<br />

Pulei uma porção <strong>de</strong> versos.<br />

“Entre as palmeiras bizarras<br />

Cantam todas as cigarras<br />

Ao pôr <strong>de</strong> oiro do sol.<br />

Do beiral vê-se o horizonte.<br />

No jardim canta uma fonte<br />

E na fonte um rouxinol...”<br />

Parei. Elas continuavam firmes lá me esperando. Tive uma idéia; ficava<br />

cantando ali até chegar <strong>de</strong> noite. Elas iam acabar, <strong>de</strong>sistindo.<br />

Mas qual o que. Cantei a Casinha toda, repeti, cantei “Por teu afeto<br />

passageiro” e até Ramona. As duas letras diferentes que eu sabia <strong>de</strong> Ramona... e<br />

nada. Aí me <strong>de</strong>u um <strong>de</strong>sespero danado. Era melhor acabar com aquilo. Fui lá.<br />

— Pronto, Lalá. Po<strong>de</strong> me bater.<br />

Virei as costas e ofereci o material. Trinquei os <strong>de</strong>ntes porque a mão <strong>de</strong> Lalá<br />

tinha uma força danada no chinelo.<br />

* * *<br />

Mamãe quem teve a idéia.<br />

— Hoje, todo mundo para ver a casa.<br />

Totóca me chamou <strong>de</strong> lado e me avisou num sussurro:<br />

— Se você contar que a gente já conhece a casa, eu te rebento.<br />

Mas eu não tinha nem pensado nisso.<br />

Foi aquele mundão <strong>de</strong> gente pela rua. Glória me dava a mão e tinha or<strong>de</strong>ns<br />

para não me <strong>de</strong>sgrudar um minuto. E eu segurava a mão <strong>de</strong> Luís.<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!