José Mauro de Vasconcelos - Meu pé de laranja-lima (pdf)(rev)
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Ligou o motor e andou um pedaço, pensativo. Colocou a cabeça por fora da<br />
janela e olhou o caminho. Não vinha ninguém.<br />
Abriu a porta do carro e or<strong>de</strong>nou:<br />
— Desce.<br />
Obe<strong>de</strong>ci e segui-o até a traseira do carro.<br />
Apontou o pneu sobressalente.<br />
— Agora, agarra-te bem. Mas cuidado.<br />
Aboletei-me <strong>de</strong> morcego, feliz da vida. Ele montou no carro e saiu rodando<br />
<strong>de</strong>vagar. Depois <strong>de</strong> cinco minutos parou e veio me ver.<br />
— Gostaste?<br />
— Como num sonho.<br />
— Agora chega. Vamos que começa a escurecer.<br />
A noite vinha chegando mansinha e ao longe as cigarras cantavam nos<br />
espinheiros, anunciando mais verão.<br />
O carro rodava macio.<br />
— Bem. De agora em diante, não se fala mais naquele assunto. Está bem?<br />
— Nunca mais.<br />
— Só gostaria <strong>de</strong> te ver chegando em casa e dizendo on<strong>de</strong> estiveste esse<br />
tempo todo.<br />
— Já pensei nisso. Vou dizer que fui à aula <strong>de</strong> Catecismo. Hoje não é quintafeira?<br />
— Ninguém po<strong>de</strong> contigo. Tens saída para tudo.<br />
Aí eu me aproximei bem <strong>de</strong>le e encostei minha cabeça junto ao seu braço.<br />
— Portugal<br />
— Hum...<br />
— Eu nunca mais quero sair <strong>de</strong> perto <strong>de</strong> você, sabe?<br />
— Por quê?<br />
— Porque você é a melhor pessoa do mundo. Ninguém judia <strong>de</strong> mim quando<br />
estou perto <strong>de</strong> você e sinto um “sol <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do meu coração”.<br />
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