21.06.2013 Views

José Mauro de Vasconcelos - Meu pé de laranja-lima (pdf)(rev)

José Mauro de Vasconcelos - Meu pé de laranja-lima (pdf)(rev)

José Mauro de Vasconcelos - Meu pé de laranja-lima (pdf)(rev)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

por cima tinha os trens. Eu só podia ir com seu Ariovaldo se ele me <strong>de</strong>sse à mão,<br />

mesmo para atravessar a linha por cima da ponte.<br />

Aí ele vinha afobado. Depois <strong>de</strong> Fanny, ele se convenceu que eu sabia o que<br />

o povo gostava <strong>de</strong> comprar.<br />

A gente ia se sentar no muro da Estação, bem <strong>de</strong>fronte do jardim da Fábrica e<br />

ele abria o folheto principal e me mostrava a música, cantando um começo. Quando<br />

eu não achava boa, ele mudava para outra.<br />

— Essa aqui é nova “Malandrinha”.<br />

Cantou <strong>de</strong> novo.<br />

— Cante <strong>de</strong> novo.<br />

Ele repetiu a estrofe final.<br />

— Essa, seu Ariovaldo, e mais Fanny e os tangos, a gente vai ven<strong>de</strong>r tudo.<br />

E fomos pelas ruas cheias <strong>de</strong> sol e <strong>de</strong> poeira. Éramos nós os passarinhos<br />

alegres que confirmavam o verão.<br />

O seu vozeirão lindo abria a janela da manhã.<br />

— O sucesso da semana, do mês e do ano. “Malandrinha” que Chico Viola<br />

gravou.<br />

“A lua vem surgindo cor <strong>de</strong> prata<br />

No alto da montanha ver<strong>de</strong>jante<br />

E a lira do cantor em serenata<br />

Acorda na janela a sua amante.<br />

Ao som da melodia apaixonada<br />

Nas cordas do sonoro violão<br />

Confessa o seresteiro à sua amada<br />

O que <strong>de</strong>ntro lhe vai ao coração “...<br />

Aí ele fazia uma pequena pausa, batia duas vezes com a cabeça e eu entrava<br />

com minha vozinha afinada.<br />

“Ó linda imagem <strong>de</strong> mulher que me seduz<br />

Ai se eu pu<strong>de</strong>sse tu estarias num altar.<br />

És a imagem dos meus sonhos és a luz,<br />

És malandrinha, não precisas trabalhar “...<br />

Era uma coisa! Mocinhas vinham correndo comprar. Cavalheiros, gente <strong>de</strong><br />

todo tamanho e <strong>de</strong> todos os jeitos.<br />

Eu gostava mesmo era <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r os folhetos <strong>de</strong> quatrocentos réis e <strong>de</strong><br />

quinhentos. Quando era moça já sabia.<br />

— Seu troco, dona.<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!