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Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

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Capítulo II – ALGUNS LUGARES ESPECULATIVOS DA REFLEXÃO TEOLÓGICA SOBRE O AMOR<br />

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CAPÍTULO II<br />

ALGUNS LUGARES ESPECULATIVOS DA REFLEXÃO TEOLÓGICA SOBRE O AMOR<br />

Força que circula no interior do universo cristão e que o vivifica, o amor<br />

divino, amor <strong>de</strong> Deus aos homens e dos homens a Deus, tornou-se num tema<br />

maior da reflexão teológica medieval. Uma reflexão que se confrontou com os<br />

problemas que <strong>de</strong>correm do facto <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um amor que envolve duas<br />

<strong>na</strong>turezas diferentes como o são a <strong>na</strong>tureza divi<strong>na</strong> e a <strong>na</strong>tureza huma<strong>na</strong> e ainda<br />

com o facto <strong>de</strong>, a<strong>na</strong>lisada <strong>na</strong> perspectiva do amor dos homens a Deus, a relação<br />

amorosa ter subjacentes duas tendências opostas: por um lado uma tendência<br />

<strong>na</strong>tural do homem em amar-se a si mesmo, que o leva a procurar o seu bem e a<br />

sua felicida<strong>de</strong> e, por outro lado, o amor a Deus que, no âmbito do cristianismo<br />

pressupõe o <strong>de</strong>sprezo do “eu” e uma “renúncia a si”.<br />

É neste cenário que irá emergir um conjunto <strong>de</strong> lugares especulativos que<br />

irão marcar o <strong>de</strong>bate em torno da questão do amor e que irão <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r o<br />

compreen<strong>de</strong>r e o dizer do amor levado a efeito pelos teólogos, sobretudo a partir<br />

do século XII, um século em que se assiste àquilo que muitos <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ram por<br />

«<strong>de</strong>scoberta do amor».<br />

O amor como <strong>de</strong>sejo<br />

Aos teólogos medievais e uma vez ultrapassada a questão filológica, o<br />

saber o que é o amor impôs-se como um tema central. Em si mesma não se po<strong>de</strong><br />

dizer que se trate <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> inovadora, uma vez que o amor sempre foi<br />

assumido como um tópico importante dos interesses especulativos, não fosse o<br />

amar uma capacida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong> por excelência, indissociável do ser próprio do<br />

homem. Contudo para os teólogos o <strong>de</strong>safio colocava-se a nível da resposta a ser<br />

dada e que teria que ser uma resposta que fosse compatível com a novida<strong>de</strong><br />

introduzida pelo cristianismo.<br />

Santo Agostinho constituiu-se como autor <strong>de</strong> referência para toda a Ida<strong>de</strong><br />

Média <strong>na</strong> medida em que ao reflectir sobre este tema não só <strong>de</strong>u uma resposta<br />

que se enquadra nos cânones cristãos como, <strong>na</strong>s suas várias dimensões, se<br />

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