25.06.2013 Views

Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Capítulo II – ALGUNS LUGARES ESPECULATIVOS DA REFLEXÃO TEOLÓGICA SOBRE O AMOR<br />

_______________________________________________________________________________________<br />

partir <strong>de</strong>le origi<strong>na</strong>do que, aquilo que sofre o amor, <strong>de</strong>seja unir-se ao objecto<br />

<strong>de</strong>sejável.<br />

Se é verda<strong>de</strong> que o tratamento que S. Tomás <strong>de</strong> Aquino faz do amor a partir<br />

<strong>de</strong> uma reflexão sobre a teoria do apetite conduz à i<strong>de</strong>ia, aliás <strong>de</strong> influência<br />

aristotélica, <strong>de</strong> que o amor é um fenómeno <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> dimensão cósmica, também<br />

é verda<strong>de</strong> que, à semelhança <strong>de</strong> Aristóteles, S. Tomás faz uma abordagem <strong>de</strong><br />

carácter ético – que surge assumida quando este autor liga o amor às relações<br />

entre pessoas e ao bem. Retomando a <strong>de</strong>finição aristotélica <strong>de</strong> que o amor é<br />

<strong>de</strong>sejar o bem a alguém, S. Tomás consi<strong>de</strong>ra que o amor po<strong>de</strong> ter dois<br />

movimentos, duas direcções: para o bem que alguém quer a si ou a qualquer<br />

outro e para aquele para quem se quer esse bem. Destes dois movimentos<br />

surgem duas formas <strong>de</strong> amor: o amor <strong>de</strong> concupiscência e o amor <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>.<br />

Assim, o amor <strong>de</strong> concupiscência é um amor aci<strong>de</strong>ntal e instrumental <strong>na</strong> medida<br />

em que se ama alguém tendo em vista o objecto do bem; por sua vez, o amor <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> é um amor essencial e substancial <strong>na</strong> medida em que se ama não por<br />

<strong>de</strong>sejo mas por amiza<strong>de</strong>, isto é, aquele que é amado é amado em si mesmo, <strong>de</strong><br />

um modo <strong>de</strong>sinteressado, respeitando a sua própria individualida<strong>de</strong> ao contrário<br />

daquele que é amado por causa do <strong>de</strong>sejo do bem, no âmbito do qual o amor se<br />

caracteriza por em <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> posse do amado.<br />

<strong>Amor</strong> humano e amor divino: os graus do amor<br />

A pergunta sobre a relação entre o amor humano, como amor entre<br />

humanos, e o amor divino, como o amor do homem a Deus, constitui outro dos<br />

lugares especulativos que marcaram a reflexão que os teólogos medievais<br />

realizaram sobre o amor.<br />

O problema da relação entre o amor humano e amor divino po<strong>de</strong> ser<br />

equacio<strong>na</strong>do nos seguintes termos: o amor humano, assumido pelos teólogos<br />

como uma forma imperfeita <strong>de</strong> amor, porque é a forma <strong>de</strong> amor própria da<br />

criatura, po<strong>de</strong> evoluir até uma forma mais perfeita e verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> amar que é o<br />

amor divino? Po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> algum modo o amor evoluir até se tor<strong>na</strong>r caritas?<br />

A resposta à questão, mesmo quando dada a partir do domínio da teologia,<br />

não po<strong>de</strong> ser percebida in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do interesse que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os inícios do<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!