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Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

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Capítulo IV – O AMOR NA VITA NUOVA DE DANTE ALIGHIERI<br />

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questões como a <strong>de</strong> saber quando é que um ser se po<strong>de</strong> constituir em objecto do<br />

amor, ou por outras palavras, será que todos os seres se po<strong>de</strong>m constituir como<br />

dignos <strong>de</strong> ser amados? Quais os efeitos que o ser que é amado pelo facto <strong>de</strong> ser<br />

amado exerce sobre aquele que ama? Fi<strong>na</strong>lmente há a própria relação amorosa,<br />

também ela merecedora <strong>de</strong> um lugar <strong>de</strong> relevo no contexto <strong>de</strong> uma reflexão sobre<br />

a experiência amorosa porquanto coloca questões importantes como a <strong>de</strong> saber<br />

em que consiste o próprio acto <strong>de</strong> amar? Qual o sentido da experiência amorosa?<br />

É possível encontrar o tratamento <strong>de</strong> todas estas questões em <strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong><br />

que, neste sentido, se oferece como uma obra on<strong>de</strong> é feita uma verda<strong>de</strong>ira<br />

fenomenologia da experiência amorosa. Constituem traços singulares <strong>de</strong>sta<br />

fenomenologia o facto <strong>de</strong> ser realizada a partir <strong>de</strong> um caso pessoal que é o da<br />

vivência da experiência amorosa por um sujeito particular, <strong>Dante</strong> <strong>Alighieri</strong>, e o<br />

facto <strong>de</strong> se sustentar num processo <strong>de</strong> rememoração.<br />

Apresentado como um texto lírico escrito em louvor a Beatriz, <strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong><br />

sustém uma profundida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica no que toca à problemática amorosa e é<br />

enquanto tal que a sua exploração po<strong>de</strong> dar um contributo importante para a<br />

abordagem do problema do <strong>Amor</strong> <strong>na</strong> Ida<strong>de</strong> Média.<br />

<strong>Sobre</strong> o sujeito do <strong>Amor</strong>. Da origem do sentimento amoroso<br />

A<strong>na</strong>lisando a experiência amorosa <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista fenomenológico,<br />

como já foi referido, <strong>de</strong>scobre-se a presença <strong>de</strong> três elementos constitutivos: o ser<br />

que ama – sujeito do amor; o ser que é amado – objecto do amor; e a relação que<br />

se estabelece entre eles – a relação amorosa. Dado que em <strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong> a<br />

experiência amorosa é uma experiência pessoal, o sujeito do amor e o objecto do<br />

amor têm nome e são, respectivamente, <strong>Dante</strong> <strong>Alighieri</strong> e Beatriz Porti<strong>na</strong>ri.<br />

Começando por a<strong>na</strong>lisar questões que se pren<strong>de</strong>m com o sujeito do amor, a<br />

questão da origem apresenta-se como a questão primordial. Quando é que <strong>Dante</strong><br />

foi <strong>de</strong>spertado para a vivência do sentimento amoroso? Quando é que <strong>Dante</strong> foi<br />

<strong>de</strong>spertado para o sentimento <strong>de</strong> <strong>Amor</strong>?<br />

É a visão <strong>de</strong> Beatriz que ocorre pela primeira vez quando ele está prestes a<br />

completar nove anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que tor<strong>na</strong> <strong>Dante</strong> no sujeito <strong>de</strong> uma experiência<br />

amorosa. «D’ allora in<strong>na</strong>nzi», diz-nos, «che <strong>Amor</strong>e segnoregiò la mia anima, la<br />

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