25.06.2013 Views

Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo IV – O AMOR NA VITA NUOVA DE DANTE ALIGHIERI<br />

_______________________________________________________________________________________<br />

lágrimas e os suspiros são indícios <strong>de</strong> um ser que ama. Umas e outras surgem<br />

com frequência <strong>na</strong>s pági<strong>na</strong>s <strong>de</strong> <strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong> e, sobretudo as primeiras, criam no<br />

sujeito algum embaraço pois que <strong>Dante</strong> as faz acompanhar da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as<br />

disfarçar. No capítulo XII, após Beatriz lhe ter negado a saudação, <strong>Dante</strong> refere<br />

«in solinga parte andai a bag<strong>na</strong>re la terra d’amarissime lagrime» 132 . Depois, no<br />

capítulo XIV, <strong>Dante</strong> chora novamente após um reencontro inesperado com<br />

Beatriz 133 que suscita nele transformações <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m que muitas damas<br />

presentes começaram a zombar <strong>de</strong>le; então volta à “câmara das lágrimas” para<br />

chorar. Fi<strong>na</strong>lmente, quando, conhecedor da morte do pai <strong>de</strong> Beatriz, <strong>de</strong> quando<br />

em quando uma lágrima corre-lhe pela face, que ele escondia «com pôr as mãos<br />

sobre os olhos» 134 .<br />

Para além <strong>de</strong> uma transfiguração física, o amor origi<strong>na</strong> no ser que ama,<br />

uma alteração psicológica. Aquele que se encontra sob o efeito do amor é um<br />

sujeito que vive um estado <strong>de</strong> sofrimento interior. No soneto, O voi che per la via,<br />

é este sofrimento que é falado:<br />

O voi che per la via d’<strong>Amor</strong> passate,<br />

atten<strong>de</strong>te e guardate<br />

s’elli è dolore alcun, quanto ’l mio, grave;<br />

e prego sol ch’audir mi sofferiate,<br />

e poi imagi<strong>na</strong>te<br />

s’io son d’ogni tormento ostale e chiave. 135<br />

E é este sofrimento que o leva a afastar-se das gentes, como refere nos<br />

versos do soneto Li occhi dolenti per pietà <strong>de</strong>l core:<br />

E quando ’l magi<strong>na</strong>r mi ven ben fiso,<br />

giugnemi tanta pe<strong>na</strong> d’ogne parte,<br />

ch’io mi riscuoto per dolor ch’i’ sento;<br />

e sì fatto divento,<br />

che <strong>de</strong> le genti vergog<strong>na</strong> mi parte 136 .<br />

132 DANTE <strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong>, cap. XII, 1-2, p. 71.<br />

133 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, cap. XIV, 10, p. 92.<br />

134 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, cap. XXII, 4, p. 145.<br />

135 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, cap. VII, 3, p. 51-52.<br />

136 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, Cap. XXXI, 14, vv 49-54, p. 203-204.<br />

67

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!