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Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

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Capítulo V – VITA NUOVA E A REFLEXÃO TEOLÓGICA SOBRE O AMOR<br />

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amor divino. Por outras palavras tratava-se <strong>de</strong> saber se havia alguma<br />

possibilida<strong>de</strong> do amor humano evoluir até se tor<strong>na</strong>r caritas. Uma questão que<br />

revelava a sua pertinência se fosse tida em conta a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o amor humano<br />

tem uma origem divi<strong>na</strong>, <strong>na</strong> medida em que, como referia Guilherme <strong>de</strong> Saint<br />

Thierry, o amor era colocado <strong>na</strong> alma por Deus.<br />

Nesta sequência é possível encontrar em muitas reflexões realizadas pelos<br />

teólogos a teoria dos graus do amor a partir da qual procuravam mostrar como <strong>de</strong><br />

uma forma imperfeita <strong>de</strong> amor o homem podia caminhar num processo <strong>de</strong><br />

aperfeiçoamento que o conduzia até um modo mais perfeito <strong>de</strong> amar que lhe<br />

permitia amar a Deus. No capítulo II foi ilustrada esta teoria através da obra <strong>de</strong><br />

dois autores, Guilherme <strong>de</strong> Saint Thierry e Ber<strong>na</strong>rdo <strong>de</strong> Claraval.<br />

A teoria dos graus do amor tem implícitos alguns pressupostos que<br />

interessa a<strong>na</strong>lisar. Para além <strong>de</strong> pressupor a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um aperfeiçoamento da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar própria do homem que vai sendo conseguida por estádios<br />

até se transformar num modo <strong>de</strong> amar do divino, a teoria dos graus pressupõe um<br />

processo <strong>de</strong> purificação em relação ao mundo sensível bem como a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que<br />

o amor é um sentimento que permite ligar dois planos separados por uma<br />

diferença <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza, como são o plano humano e o plano divino.<br />

Quando se explora <strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong> e se toma consciência <strong>de</strong> que a relação<br />

amorosa aí contada é uma relação que se vai transfigurando até que o amor a um<br />

ser humano se transforma num amor a Deus, é possível aproximar o texto <strong>de</strong><br />

<strong>Dante</strong> <strong>Alighieri</strong> das posições encontradas nos textos <strong>de</strong> alguns teólogos da Ida<strong>de</strong><br />

Média.<br />

Com efeito, há <strong>na</strong> obra um itinerário do sujeito que ama, um itinerário que<br />

parte do exterior, <strong>de</strong> fora do homem, para num segundo momento se espiritualizar<br />

e interiorizar e para fi<strong>na</strong>lmente conduzir o homem novamente para fora <strong>de</strong> si, já<br />

não para um plano colocado ao seu nível, mas para um plano acima <strong>de</strong>le. Os três<br />

momentos da relação amorosa: saudação, louvor e contemplação constituem os<br />

três graus do amor presentes em <strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong>.<br />

No primeiro grau, o amor revela uma faceta huma<strong>na</strong>. É <strong>de</strong> um amor<br />

humano que nos fala a primeira parte da obra, um amor vivido como uma paixão<br />

que, <strong>na</strong> linha do amor cortês se fundamenta <strong>na</strong> obtenção da saudação e é<br />

acompanhado por um discurso no qual se faz a <strong>de</strong>scrição dos efeitos<br />

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