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Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

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Capítulo IV – O AMOR NA VITA NUOVA DE DANTE ALIGHIERI<br />

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E molte volte pensava più amorosamente, tanto che lo cuore consentiva in lui, cioè nel suo<br />

ragio<strong>na</strong>re. E quando io, avea consentito ciò, e io mi ripensava sì come da la ragione mosso, e<br />

dicea fra me me<strong>de</strong>simo: “Deo, che pensero è questo, che in così vile modo vuole consolare me e<br />

non mi lascia quasi altro pensare?". 121<br />

Há <strong>na</strong>s duas situações <strong>na</strong>rradas uma consciência, por parte do sujeito, <strong>de</strong><br />

que a experiência amorosa não foi “bem vivida” não <strong>de</strong>correu como «<strong>de</strong>via ser».<br />

Na primeira situação o “<strong>de</strong>ver ser” foi rompido porque <strong>Dante</strong> viola uma das regras<br />

do amor cortês: o segredo que <strong>de</strong>via revestir a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da mulher amada e<br />

para o qual foi sendo chamada a importância <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da obra. Tal acontece<br />

quando, <strong>na</strong> fase do seu <strong>de</strong>lírio profere o nome <strong>de</strong> Beatriz que é ouvido pelas<br />

damas presentes e que só não teve consequências mais graves porque a sua voz<br />

estava «tão quebrada <strong>de</strong> soluços» 122 que não o podiam ter entendido. O facto do<br />

amor não ter sido bem vivido surge relacio<strong>na</strong>do com a insensatez que à situação<br />

surge associada; foi insensato, <strong>de</strong> sua parte, assim ter procedido, mas esta<br />

insensatez surge justificada. A expressão «como pessoa fora <strong>de</strong> si» usada por<br />

<strong>Dante</strong> para se referir ao estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>lírio, mostra que quem assim se encontra<br />

não é senhor dos seus actos, não se encontra em condições <strong>de</strong> exercer a sua<br />

faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir, <strong>de</strong> julgar. Por outras palavras, a razão, a quem compete o<br />

exercício <strong>de</strong>stas operações não po<strong>de</strong> exercer a sua activida<strong>de</strong> e portanto o seu<br />

“conselho”.<br />

Diferente é o que acontece <strong>na</strong> segunda situação. As pági<strong>na</strong>s que se<br />

suce<strong>de</strong>m à apresentação do episódio dão conta <strong>de</strong> um sujeito que <strong>na</strong> relação que<br />

manteve com a gentil dama que lhe recordava a nobilíssima amada se <strong>de</strong>ixou<br />

guiar pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> a ver, «Io venni a tanto per la vista di questa don<strong>na</strong>, che li<br />

miei occhi si cominciaro a dilettare troppo di ve<strong>de</strong>rla» 123 , para em seguida pensar<br />

nela como alguém que <strong>de</strong>seja pois «Ricovrai la vista di quella don<strong>na</strong> in sì nuova<br />

condizione, che molte volte ne pensava sì come di perso<strong>na</strong> che troppo mi<br />

piacesse» 124 . Tendo sido um amor domi<strong>na</strong>do pelo apetite, foi um amor contrário à<br />

«costanzia <strong>de</strong> la ragione» 125 , um amor que não teve o conselho da razão e que,<br />

121 DANTE.<strong>Vita</strong> <strong>Nuova</strong>, Cap. XXXVIII, 1-3, p. 227-228.<br />

122 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, Cap. XXIII, 13-14,p.157.<br />

123 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, Cap. XXXVII, 1, p. 224.<br />

124 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, Cap. XXXVIIII, 1, p. 227.<br />

125 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, Cap. XXXIX, 2, p. 233.<br />

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