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Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

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Capítulo IV – O AMOR NA VITA NUOVA DE DANTE ALIGHIERI<br />

_______________________________________________________________________________________<br />

condição que é a posse, por parte do sujeito do amor, <strong>de</strong> um “coração gentil”. O<br />

esclarecimento da expressão “coração gentil” impõe-se <strong>de</strong> modo a enten<strong>de</strong>r o seu<br />

significado no contexto <strong>de</strong> uma reflexão sobre o amor.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma expressão cara aos poetas do Dolce Stil Novo como<br />

comprova a sua utilização por Guido Guinizzeli, que ao associar o amor ao<br />

coração gentil procurou evi<strong>de</strong>nciar que o amor é uma expressão da nobreza da<br />

alma e do íntimo aperfeiçoamento do homem. Por outras palavras, só uma alma<br />

nobre, <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> uma perfeição moral é uma alma capaz <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>spertada<br />

para o sentimento do <strong>Amor</strong>. Em <strong>Dante</strong> a expressão “coração gentil” para além <strong>de</strong><br />

revestir o significado acabado <strong>de</strong> referir ganha novas dimensões que importa<br />

explorar. Para tal impõe-se o recurso a algumas passagens do “Convívio” on<strong>de</strong> a<br />

questão da “gentileza” surge abordada.<br />

Em primeiro lugar, “gentileza” é vista por <strong>Dante</strong> como sinónimo <strong>de</strong> nobreza,<br />

como o próprio afirma: «Se a gentileza ou nobreza, que como uma só coisa<br />

entendo …» 106 . Ao contrário da opinião <strong>de</strong>fendida por alguns a nobreza não tem a<br />

ver com a riqueza:<br />

que as riquezas, tal como se crê,<br />

não po<strong>de</strong>m dar nem tirar gentileza 107<br />

nem tão pouco com a linhagem pois que é falsa a opinião daqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<br />

que dizer po<strong>de</strong>:<br />

(…). fui<br />

sobrinho ou filho, <strong>de</strong> tal nobre pessoa. 108<br />

A nobreza tem a ver com a virtu<strong>de</strong>: “Existe gentileza on<strong>de</strong> quer que haja<br />

virtu<strong>de</strong>” 109 . Para <strong>Dante</strong>, <strong>na</strong> linha da filosofia aristotélica a virtu<strong>de</strong> surge associada<br />

à perfeição. É a Aristóteles que o autor recorre <strong>na</strong> passagem que se segue do<br />

Convívio:<br />

106 DANTE. Convívio, IV, XiV, ed. cit., p. 185.<br />

107 DANTE. Convívio, Canção III, iV, ed. cit., p.144.<br />

108 DANTE. Convívio, Canção III, iV, ed. cit., p.144.<br />

109 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, Canção III, iV, p.146.<br />

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