Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri
Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri
Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Capítulo III – DANTE ALIGHIERI: UM PENSADOR LAICO NA IDADE MÉDIA<br />
_______________________________________________________________________________________<br />
<strong>Dante</strong> pessoa como protagonista <strong>de</strong> uma viagem ao longo do Inferno, do<br />
Purgatório e do Paraíso, é feito um julgamento por <strong>Dante</strong> autor das figuras da<br />
Cultura, da História e da Socieda<strong>de</strong>, tor<strong>na</strong>ndo assim possível perceber o<br />
posicio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> <strong>Dante</strong> como pensador.<br />
<strong>Dante</strong> <strong>Alighieri</strong> e a Filosofia<br />
<strong>Dante</strong> <strong>Alighieri</strong> é, hoje em dia, e para a maior parte das pessoas, o autor da<br />
Divi<strong>na</strong> Comédia. É sobretudo como poeta que é conhecido, contudo, <strong>na</strong> sua obra,<br />
e como já foi referido, abrange também o domínio da Filosofia. A questão que se<br />
coloca é a <strong>de</strong> saber se <strong>Dante</strong> po<strong>de</strong> também ser consi<strong>de</strong>rado um filósofo.<br />
Para um autor como Bruno Nardi, um dos primeiros a interessar-se pela obra<br />
dantesca, não há dúvida alguma que <strong>Dante</strong> tem que ser encarado não só como<br />
um poeta, mas também como um filósofo. Na obra do autor da “Divi<strong>na</strong> Comédia”<br />
encontra Bruno Nardi não só indícios <strong>de</strong> uma reflexão sobre as mais variadas<br />
questões filosóficas, como também um posicio<strong>na</strong>mento único face às i<strong>de</strong>ias<br />
filosóficas que circulavam <strong>na</strong> altura <strong>na</strong> Europa. A título <strong>de</strong> exemplo da postura <strong>de</strong><br />
Bruno Nardi po<strong>de</strong> ser referido o seu estudo intitulado L’origine <strong>de</strong>ll’ anima uma<strong>na</strong><br />
secondo <strong>Dante</strong> 72 no qual, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma análise do problema da origem da alma<br />
<strong>na</strong> Patrística, <strong>na</strong> Escolástica anterior ao século XIII e do século XIII, <strong>na</strong> obra <strong>de</strong><br />
Alberto Magno De <strong>na</strong>tura et origine animae, faz uma análise do modo como o<br />
tema surge tratado <strong>na</strong>s obras <strong>de</strong> <strong>Dante</strong>, Convívio e o canto XXV do Purgatório,<br />
para termi<strong>na</strong>r com a articulação com a posição <strong>de</strong> Averróis e <strong>de</strong> Siger <strong>de</strong><br />
Brabante. Como testemunho <strong>de</strong>sta atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> também ser apresentado o<br />
ensaio <strong>de</strong> Nardi 73 sobre a doutri<strong>na</strong> do Empíreo no qual o autor dos Saggi di<br />
Filosofia <strong>Dante</strong>sca a<strong>na</strong>lisa a origem da noção <strong>de</strong> Empíreo, passando por<br />
Aristóteles, a Escolástica do século XIII, até chegar à obra <strong>de</strong> <strong>Dante</strong> on<strong>de</strong><br />
Empíreo coinci<strong>de</strong> com a alma do mundo dos neoplatónicos.<br />
Posição diferente é <strong>de</strong>fendida por Étienne Gilson.<br />
A propósito do Convívio, a obra <strong>de</strong> <strong>Dante</strong> com um carácter mais<br />
acentuadamente filosófico, Étienne Gilson refere que, apesar das i<strong>de</strong>ias filosóficas<br />
72 NARDI, Bruno. Studi di Filosofia Medievale, Roma, Edizione di Storia e litteratura, 1979, p. 9-68.<br />
73 NARDI, Bruno.Saggi di Filosofia <strong>Dante</strong>sca, Firenze, La <strong>Nuova</strong> Itália, 1967 p. 167-275.<br />
46