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Reflexões Sobre o Amor na Vita Nuova de Dante Alighieri

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Capítulo V – VITA NUOVA E A REFLEXÃO TEOLÓGICA SOBRE O AMOR<br />

_______________________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>sempenhado pela inteligência. Para este, à razão cabe o papel <strong>de</strong> refrear os<br />

excessos <strong>de</strong>smesurados do amor.<br />

O que é interessante <strong>de</strong> ser notado é que a intervenção da razão, que no<br />

domínio da especulação teológica sobre o amor havia constituído um dos lugares<br />

especulativos, não se encontra presente no âmbito <strong>de</strong> uma abordagem do amor<br />

cortês nem a nível da poesia do Doce Stil Nuovo, nomeadamente da poesia <strong>de</strong><br />

Guido Cavalcanti. No De <strong>Amor</strong>e, apresentado como o tratado do amor cortês, é<br />

possível perceber a afirmação <strong>de</strong> uma dimensão obsessiva e por isso irracio<strong>na</strong>l<br />

da vivência da experiência amorosa 196 .<br />

Também <strong>na</strong> poesia <strong>de</strong> Cavalcanti há a concepção <strong>de</strong> que a experiência<br />

amorosa é uma experiência domi<strong>na</strong>da pelo excesso e pela ausência <strong>de</strong><br />

discernimento. Tenha-se em atenção a famosa rima Don<strong>na</strong> mi prega, perch’io<br />

voglio dire:<br />

Don<strong>na</strong> mi prega, perch’io voglio dire<br />

d’un acci<strong>de</strong>nte, che sovente è fero,<br />

ed è sì altero - ch’è chiamato amore:<br />

sì chi lo nega possa ’l ver sentire.<br />

Ed a presente conoscente chero,<br />

perch’io no spero - ch’om di basso core<br />

a tal ragione porti conoscenza:<br />

ché senza – <strong>na</strong>tural dimonstramento<br />

non ho talento – di voler provare<br />

là dove posa, e chi lo fa creare,<br />

e qual è sua vertute e sua potenza,<br />

l’essenza, - poi ciascun suo movimento,<br />

e ’l piacimento – che ’l fa dire amare,<br />

e s’omo per ve<strong>de</strong>r lo pò mostrare.<br />

In quella parte dove sta memora<br />

Pren<strong>de</strong> suo stato, sì formato, come<br />

diafan da lome - d’u<strong>na</strong> scuritate<br />

la qual da Marte vène, e fa <strong>de</strong>mora.<br />

Elli è creato ed ha sensato, nome,<br />

d’alma costome – e di cor volontate.<br />

Vèn da veduta forma che s’inten<strong>de</strong>,<br />

che pren<strong>de</strong> – nel possible intelletto,<br />

196 Ver a passagem da obra De <strong>Amor</strong>e transcrita <strong>na</strong> pági<strong>na</strong> 89.<br />

94

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