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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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Glaucia Villas Bôas<br />

caliza<strong>das</strong>. Os livros sobre “problemas teórico-metodológicos” e os “manuais<br />

e introduções” mostram um aumento, enquanto as obras de “avaliação da<br />

produção de conhecimento da disciplina” sofrem uma redução.<br />

7.2 Obras sobre temas específicos<br />

No período analisado, a antropologia recebe e reelabora uma já longa tradição<br />

nacional de estudos sobre as tradições populares e indígenas que, como<br />

mencionamos, se inicia em meados do século XIX. 44 No conjunto <strong>das</strong> “obras<br />

sobre temas específicos”, a contribuição dos trabalhos sobre “tradições populares”<br />

congrega 34,04% dos títulos. Em seguida, as pesquisas sobre os indígenas<br />

chegam a 24,82%. Os temas “formação étnico-cultural” e “religiões<br />

afro-brasileiras” têm alguma expressão, porém bem me<strong>no</strong>r.<br />

Em 1952, Manuel Diégues Jr. já chamava a atenção para a necessidade de<br />

diversificação <strong>das</strong> áreas de estudo, referindo-se especialmente à predominância<br />

dos estudos sobre os indígenas:<br />

O estudo et<strong>no</strong>gráfico <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> andou sempre ligado ao<br />

indígena. Até quase <strong>no</strong>ssos dias, o que se entendia como matéria<br />

de et<strong>no</strong>grafia era o indígena. Isto sucedeu como decorrência <strong>das</strong><br />

próprias condições em que surgiu a et<strong>no</strong>grafia, dedicando-se ao<br />

estudo dos povos ou grupos chamados de primitivos ou naturais.<br />

(...) É certo que, já em 1913 Roquette Pinto mostrava, em<br />

memorável discurso <strong>no</strong> Instituto Histórico, que a “et<strong>no</strong>grafia<br />

<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, hoje, não se pode mais prender somente ao aborígene”.<br />

Certo: et<strong>no</strong>grafia não é só indígena; é também o estudo do<br />

negro, dos mestiços, dos grupos imigrados; et<strong>no</strong>grafia é, e deve<br />

ser o estudo <strong>das</strong> populações brasileiras através dos elementos<br />

culturais que as caracterizam. 45<br />

A configuração dos estudos da amostra parece indicar, em primeiro lugar,<br />

que a afirmação do autor já não corresponderia à produção antropológica do<br />

período de 1945 a 1966, se for julgado representativo o conjunto de livros do<br />

acervo da <strong>Biblioteca</strong> Nacional.<br />

44. Cf. MELATTI, Julio Cezar. A antropologia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: um roteiro. BIB – Boletim Informativo e<br />

Bibliográfico de <strong>Ciências</strong> <strong>Sociais</strong>, Rio de Janeiro, n. 17, 1984.<br />

45. DIÉGUES JR., Manuel. Etnias e culturas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e<br />

Cultura, 1956. p. 9-10.<br />

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