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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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A vocação <strong>das</strong> ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

os a<strong>no</strong>s de 1947 e 1961 foi de 4,6%, aumentando para 4,8% entre os a<strong>no</strong>s de<br />

1957 a 1961; <strong>no</strong> mesmo período a taxa de crescimento da produção industrial<br />

foi de 9,6% entre 1947 e 1961, elevando-se para 12,7% de 1957 a 1961. 13<br />

Embora tomasse uma “via” concentradora e excludente, a industrialização<br />

resultou <strong>no</strong> surgimento de um leque de <strong>no</strong>vas profissões e oportunidades de<br />

emprego, que possibilitaram a redistribuição dos indivíduos na escala social,<br />

imprimindo outra feição à estratificação social do país. No meio urba<strong>no</strong>, o<br />

empresariado industrial, as cama<strong>das</strong> médias e o operariado não só cresceram,<br />

mas, principalmente, passaram a ocupar uma posição de maior importância<br />

na ordem social, na vida econômica e política. Questiona-se, entretanto, se o<br />

<strong>no</strong>tável crescimento econômico levou de fato a uma mudança de vulto na democratização<br />

<strong>das</strong> oportunidades de vida relativas aos diversos estratos sociais.<br />

Nesse sentido, aparentemente as mudanças não foram profun<strong>das</strong>.<br />

Estudos sobre esse problema, que abordem o período em foco e apresentem<br />

uma visão de conjunto, são escassos, o que dificulta sua apreciação.<br />

Convém lembrar, entretanto, as observações feitas por Maria Isaura Pereira<br />

de Queiroz 14 a respeito dos estratos sociais <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1950 e 1960. Segundo a<br />

autora, a industrialização se inscreveu numa sociedade diversificada em múltiplos<br />

estratos superpostos e não numa sociedade dividida em duas partes,<br />

uma moderna e outra tradicional, correspondendo cada uma delas a um tipo<br />

de estratificação social. Na realidade, diferentes tipos de estratificação social<br />

entrelaçavam-se, quer fosse nas “regiões modernas”, quer fosse nas “regiões<br />

arcaicas”. Baseando-se em dados censitários, a autora mostra que nas grandes<br />

cidades e <strong>no</strong> interior <strong>das</strong> regiões de mo<strong>no</strong>cultura de exportação havia uma estratificação<br />

socioeconômica “ortodoxa”. As classes sociais me<strong>no</strong>s numerosas<br />

e mais privilegia<strong>das</strong> se situavam <strong>no</strong> topo, enquanto as mais desfavoreci<strong>das</strong> e<br />

numerosas situavam-se na base, havendo entre elas cama<strong>das</strong> intermediárias<br />

que cresciam naquele período; já nas cidades de peque<strong>no</strong> porte e nas áreas em<br />

que conviviam fazendeiros e sitiantes, a estratificação social se apresentava<br />

bem distinta, com pequenas cama<strong>das</strong> <strong>no</strong> topo e uma grande camada intermediária<br />

de trabalhadores independentes auxiliados pela mão-de-obra familiar,<br />

que coexistia com uma pequena camada inferior de trabalhadores subordinados,<br />

assalariados ou não.<br />

Maria Isaura Pereira de Queiroz ressalta que o <strong>Brasil</strong> se aproximava, naqueles<br />

a<strong>no</strong>s, do modelo de uma “sociedade de classes”, à medida que, cada<br />

13. Cf. FURTADO, Celso. Op. cit., p. 102.<br />

14. Cf. QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Op. cit.<br />

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