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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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A vocação <strong>das</strong> ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

exaustivo, facilita a tarefa de desafiar os câ<strong>no</strong>nes. De posse de informação tão<br />

ampla, o pesquisador ig<strong>no</strong>rará autores não canônicos por sua própria conta<br />

e risco.<br />

Mas Gláucia Villas Bôas foi além de simples levantamento bibliográfico,<br />

adicionando valor especial a seu trabalho. Ela enfrentou a pe<strong>no</strong>sa tarefa de<br />

mapear os livros por área de conhecimento e por temas. No que diz respeito<br />

às áreas de conhecimento, adotou uma definição ampla, posto que algo polêmica,<br />

de ciências sociais, incluindo nelas a história, a geografia humana e a<br />

demografia, além <strong>das</strong> tradicionais antropologia, sociologia, ciência política, e<br />

da eco<strong>no</strong>mia política. O lado polêmico diz respeito, sobretudo, à inclusão da<br />

história <strong>no</strong> campo <strong>das</strong> ciências sociais. Mas, como a análise mantém a distinção<br />

entre as várias sub-áreas, é sempre possível ao leitor detectar as diferenças<br />

entre elas. Ele pode verificar, por exemplo, que, como era de esperar, a história<br />

foi responsável pela maioria (35%) dos livros recenseados, número próximo<br />

à soma dos de sociologia, antropologia e ciência política (40%). Tal resultado<br />

era de esperar na medida em que a escrita da história é muito mais antiga <strong>no</strong><br />

país, antecede em mais de um século a formação especializada que teve início<br />

na década de 1930.<br />

Um dos achados importantes da autora é o que se refere ao número respeitável<br />

de obras de ciências sociais <strong>no</strong> sentido estrito, sobretudo de antropologia<br />

(16%) e de sociologia (14%). Esse número é sem dúvida decorrência,<br />

pelo me<strong>no</strong>s em parte, da produção de pessoas treina<strong>das</strong> <strong>no</strong>s <strong>no</strong>vos cursos.<br />

A me<strong>no</strong>r representação da ciência política (9%) pode ser devida ao processo<br />

mais lento de sua separação de outros campos mais tradicionais de conhecimento,<br />

como o direito e a filosofia.<br />

Outra contribuição relevante deste livro é a análise do local de publicação<br />

e dos editores. O Rio de Janeiro ainda era, na época, o centro cultural indiscutível<br />

do país, responsável por 58% <strong>das</strong> edições, seguido à distância por São<br />

Paulo com 24%. Não por acaso, é em sociologia que São Paulo mais se aproximava<br />

do Rio de Janeiro, com 39% da produção, em comparação com 45%<br />

da capital. Rio de Janeiro e São Paulo, juntos, cobriam 82% <strong>das</strong> publicações.<br />

Mesmo que se leve em conta a probabilidade de que o descumprimento da<br />

lei de envio dos livros à <strong>Biblioteca</strong> Nacional fosse muito maior <strong>no</strong>s outros<br />

estados, a concentração é muito grande.<br />

A presença de um mercado editorial emergente é demonstrada quando a<br />

autora classifica as publicações em comerciais e não comerciais, essas últimas<br />

publica<strong>das</strong> por órgãos públicos, aí incluí<strong>das</strong> as universidades federais e estaduais.<br />

A maioria dos livros (63%) foi publicada com fins lucrativos. Mas aqui<br />

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