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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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Glaucia Villas Bôas<br />

o que mostra a existência de um público crescente. 36 A maioria dos filmes<br />

exibidos era de origem <strong>no</strong>rte-americana.<br />

Produtores e profissionais ligados à cinematografia, reunidos em congressos<br />

e através da imprensa, buscaram defender os interesses da indústria<br />

cinematográfica nacional. No II Congresso Nacional do Cinema <strong>Brasil</strong>eiro,<br />

reunido na cidade de São Paulo, em 1953, reivindicou-se a fixação de cotas<br />

máximas de importação de filmes estrangeiros e a revisão periódica da lei de<br />

proporcionalidade, que era de um filme brasileiro para oito estrangeiros, de<br />

acordo com o desenvolvimento da indústria nacional. A remessa dos lucros<br />

<strong>das</strong> distribuidoras estrangeiras era alvo de várias discussões divulga<strong>das</strong> pela<br />

imprensa. Ainda assim, em 1958, a lei permitia remeter 70% desses lucros ao<br />

câmbio livre e 30% ao câmbio oficial.<br />

Nos áureos tempos dos filmes hollywoodia<strong>no</strong>s, os obstáculos à implantação<br />

da indústria cinematográfica <strong>no</strong> país foram de grande monta. Contudo, <strong>no</strong> início<br />

dos a<strong>no</strong>s 1960, as propostas de um grupo de jovens cineastas, traduzi<strong>das</strong><br />

<strong>no</strong> movimento do “Cinema Novo”, que examinaremos mais adiante, repercutiam<br />

em festivais internacionais, onde a qualidade dos filmes brasileiros era<br />

reconhecida e premiada, como foi o caso de Vi<strong>das</strong> Secas, de Nelson Pereira<br />

dos Santos, <strong>no</strong> XVIII Festival de Cannes, em 1964.<br />

Vale <strong>no</strong>tar, entretanto, que na época em que se buscavam alternativas para<br />

a produção de cinema <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, uma quantidade <strong>no</strong>tável de filmes <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s<br />

para a televisão entrava <strong>no</strong> país. Em 1963, foram submetidos à censura<br />

581 filmes brasileiros e 1966 <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s, de curta e longa-metragem;<br />

<strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong>, foram examinados 1.876 filmes <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s para a televisão,<br />

não constando nenhum filme brasileiro deste gênero. 37 A televisão fora<br />

implantada <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> na década de 1950, sendo a primeira transmissão realizada<br />

pela TV Tupi do Rio de Janeiro, em 1951. Apresentava programas humorísticos<br />

precários, programas de calouros e filmes <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s. Não se<br />

tor<strong>no</strong>u um meio de comunicação relevante naquele período, embora a evolução<br />

do número de aparelhos em uso seja indicativa de seu paulati<strong>no</strong> estabelecimento:<br />

3.500 aparelhos em 1951, 141.000 em 1955 e 593.000 em 1959. 38<br />

A partir dos dados expostos, depreende-se que os a<strong>no</strong>s 1950 e o início dos<br />

a<strong>no</strong>s 1960 marcam o surgimento da indústria e do mercado brasileiro de bens<br />

36. Os dados sobre o número de salas de exibição de filmes se encontram <strong>no</strong>s Anuários Estatísticos<br />

do IBGE de 1945, 1955 e 1966.<br />

37. Cf. Anuário Estatístico do IBGE de 1964.<br />

38. Cf. ORTIZ, Renato. Op. cit., p. 46.<br />

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