A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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Glaucia Villas Bôas<br />
O lugar de destaque da história do <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> conjunto <strong>das</strong> publicações<br />
evidencia interesse marcante <strong>no</strong> estudo da historiografia. 21 Os livros que<br />
definem esse campo de trabalho correspondem a 34,7% do total de obras<br />
distribuí<strong>das</strong> em sete disciplinas. A história do <strong>Brasil</strong>, <strong>no</strong>te-se, foi a primeira<br />
a ter uma prática organizada de investigação, criada em 1838 pelo Instituto<br />
Histórico e Geográfico <strong>Brasil</strong>eiro, <strong>no</strong> contexto <strong>das</strong> necessidades políticoideológicas<br />
da Independência.<br />
Durante quase cem a<strong>no</strong>s, de 1838 a 1934, quando foram inicia<strong>das</strong> a formação<br />
do historiador e as atividades de pesquisa <strong>no</strong>s meios universitários – a<br />
começar pela Faculdade de Filosofia, <strong>Ciências</strong> e Letras da Universidade de<br />
São Paulo –, o IHGB, sediado <strong>no</strong> Rio de Janeiro, e seus congêneres em outras<br />
cidades brasileiras centralizaram a produção historiográfica.<br />
A tradição de estudos do Instituto Histórico e Geográfico <strong>Brasil</strong>eiro tem<br />
sido objeto de exame, debate e crítica. 22 No mais <strong>das</strong> vezes, argumenta-se<br />
que aqueles textos limitaram-se ao registro de eventos oficiais e ao destaque<br />
de vultos históricos, contribuindo <strong>no</strong> seu conjunto para a exaltação da nacionalidade.<br />
Não caberia aqui discutir a qualidade da historiografia vinculada<br />
ao Instituto, mas tão-somente assinalar que a história, uma <strong>das</strong> mais antigas<br />
disciplinas volta<strong>das</strong> para as relações trava<strong>das</strong> entre os homens, foi também<br />
<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> uma <strong>das</strong> primeiras a merecer a atenção dos estudiosos, de modo<br />
regular e de acordo com <strong>no</strong>rmas e valores. A antigüidade do conhecimento<br />
da história, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, poderia explicar a alta percentagem <strong>das</strong> publicações<br />
indica<strong>das</strong> na tabela I.<br />
Contudo, assinale-se que o Instituto Histórico e Geográfico <strong>Brasil</strong>eiro,<br />
dedicando-se de fato ao conhecimento da história do <strong>Brasil</strong> e não à geografia,<br />
foi responsável pelas primeiras pesquisas et<strong>no</strong>gráficas realiza<strong>das</strong> <strong>no</strong><br />
país a partir de 1840, cujo foco principal de interesse eram os costumes<br />
21. A propósito da definição dos termos História e historiografia, ver IGLESIAS, Francisco. Introdução<br />
à historiografia econômica. Belo Horizonte: Universidade de Minas Gerais, 1959. p. 11-12;<br />
CARDOSO, Ciro Flamarion S. Op. cit. p. 25-27; utiliza-se neste trabalho o termo historiografia<br />
para de<strong>no</strong>minar o conhecimento produzido <strong>no</strong> campo da história, o qual se constitui de teorias,<br />
métodos e técnicas próprios; emprega-se História para a disciplina.<br />
22. Cf. CANABRAVA, Alice Piffer. Roteiro sucinto do desenvolvimento da historiografia, publicado<br />
em HOLANDA, Sergio Buarque; CANABRAVA, Alice Piffer; LUZ, Nícia Vilela (Coord.). Introdução<br />
ao estudo da história do <strong>Brasil</strong>, São Paulo, 1971. Cader<strong>no</strong>s do Instituto de Estudos <strong>Brasil</strong>eiros; GUIMA-<br />
RÃES, Ma<strong>no</strong>el Luiz Salgado. Nação e civilização <strong>no</strong>s trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico<br />
<strong>Brasil</strong>eiro e o projeto de uma história nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 1, 1988.<br />
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