A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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A vocação <strong>das</strong> ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
Todavia, aos argumentos que insistem na permanência do livro somam-se as<br />
pesquisas 18 que assinalam em toda a parte o crescimento do índice de produção<br />
anual de <strong>no</strong>vos títulos. No <strong>Brasil</strong>, o desenvolvimento da produção editorial – da<br />
fundação da Imprensa Régia, em 1808, à década de 1920 – foi considerado um<br />
dos mais lentos. Nos a<strong>no</strong>s 1930, esboçam-se a indústria e o mercado editoriais,<br />
os quais a partir da década de 1940 apresentam índices crescentes. Estima-se<br />
que, entre livros e folhetos, o número de títulos publicados em 1940 tenha sido<br />
de 1.678, elevando-se para 3.965 em 1950; 5.377 em 1960; 9.950 em 1971; e<br />
13.267 em 1980, excluí<strong>das</strong> as publicações oficiais. Em 1980, o <strong>Brasil</strong> passa a<br />
ocupar o 11º lugar na produção mundial de livros. A União Soviética, à frente<br />
de todos os outros países, naquele a<strong>no</strong> publica 80.676. 19<br />
Os números são um indicativo importante da permanência do livro ao<br />
lado de outros meios de comunicação. Não revelam, entretanto, as numerosas<br />
atividades que envolvem sua fabricação. As obras condensam múltiplas relações<br />
sociais e históricas, e diversos processos de trabalho. Constituem uma<br />
expressão sintética de aspectos da vida social e nacional, tão diferentes quanto<br />
interligados, como os aspectos econômicos, políticos e da efervescência da<br />
prática intelectual.<br />
Utilizar o livro como fonte de pesquisa pressupõe, portanto, compreender<br />
que o conhecimento, além <strong>das</strong> já referi<strong>das</strong> relações que mantém com a sociedade<br />
e grupos de estudiosos, está sujeito a mais uma rede de relações sociais,<br />
<strong>no</strong> que respeita à sua divulgação e recepção através da escrita. Trata-se de uma<br />
teia de relações exteriores ao processo de produção intelectual stricto sensu.<br />
Ainda que não sejam investiga<strong>das</strong> nesse trabalho, é preciso reconhecê-las, pois<br />
indicam limites do material pesquisado.<br />
Nesse sentido, cabe dizer que a produção do conhecimento <strong>das</strong> ciências<br />
sociais e sua transmissão através da escrita são, mesmo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, evidentemente,<br />
mais amplas do que aquelas que se inscrevem <strong>no</strong>s livros. As revistas<br />
especializa<strong>das</strong>, as teses e os relatórios de trabalho não publicados constituem<br />
outras fontes de análise que, ao lado do livro, conformam o quadro da produção<br />
escrita.<br />
A par disso, saliente-se que, <strong>no</strong> período de 1945 a 1966, as condições<br />
institucionais do trabalho científico se encontram em processo de reconhe-<br />
18. Referimo-<strong>no</strong>s a ANDRADE, Olímpio de Souza. O livro brasileiro desde 1920. 2 ed. Rio de Janeiro:<br />
Cátedra; Brasília: INL 1978; e a HALLEWELL, Laurence. O livro <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: sua história. São<br />
Paulo: T. A. Queiroz/USP, 1985.<br />
19. HALLEWELL, Laurence. Op. cit. p. 406, 426-427, 472 e 615.<br />
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