A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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Glaucia Villas Bôas<br />
para a constituição de fatos relevantes que identificam uma fase ou período<br />
histórico. É o caso <strong>das</strong> biografias de Pedro I e de presidentes da República Velha.<br />
A atuação individual é, por vezes, claramente considerada indispensável<br />
para a construção histórica: as biografias de Tiradentes fazem o elo entre sua<br />
trajetória e a emancipação da Colônia; o percurso do Duque de Caxias serve<br />
de referência para a participação militar na edificação da nação; ao Barão do<br />
Rio Branco associam-se acertos da história diplomática; a Mauá, a iniciativa<br />
econômica.<br />
Apesar dos diversos problemas suscitados por esse tipo de estudo, que<br />
pode distorcer a história ao enfatizar personalidades individuais, 8 as biografias<br />
se fazem representar significativamente <strong>no</strong> quadro da produção historiográfica:<br />
quatro recuperam do período colonial as figuras do Marquês de Pombal<br />
e de Tiradentes; entre políticos e militares, oito biografias estudam figuras do<br />
Império; seis livros rastreiam o trajeto de diplomatas e estadistas que transitam<br />
entre o Império e a República; e cinco contam a vida de políticos republica<strong>no</strong>s.<br />
As biografias são publica<strong>das</strong> nas duas fases focaliza<strong>das</strong>, sem sofrer<br />
alterações.<br />
Depreende-se dos dados, que a grande maioria dos temas pesquisados pelos<br />
historiadores permaneceu sendo focalizada ao longo do período abordado,<br />
havendo mesmo, de modo geral, uma intensificação <strong>das</strong> diferentes linhas<br />
de trabalho dos estudiosos.<br />
5.1 História política<br />
A história política, como se viu, destaca-se de forma <strong>no</strong>tória pela quantidade<br />
de obras publica<strong>das</strong> colhi<strong>das</strong> na amostra. Já se observou que a atividade<br />
política vista como extraordinária foi, por longo tempo, considerada o motor<br />
da história. Ações e feitos políticos rompem a rotina cotidiana, ordinária, formando<br />
uma cadeia que registra, <strong>no</strong> mais <strong>das</strong> vezes, o surgimento, a formação<br />
e o declínio de nações. Hannah Arendt 9 faz distinções entre a tradicional e a<br />
moderna concepções de história, caracterizando a primeira como a tentativa<br />
de imortalizar, através da memória, façanhas de povos inscritas nas ações de<br />
seus líderes, condutores e heróis – entre outros traços apontados pela autora.<br />
8. Cf. RODRIGUES, José Honório. Op. cit., p. 146 e 147.<br />
9. ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1979. p. 69-127.<br />
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