A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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Glaucia Villas Bôas<br />
negros e brancos e o passado dos negros enquanto força escrava de trabalho.<br />
Percebe-se que alguns estudos buscam analisar com maior ênfase a qualidade<br />
dos contatos raciais e o preconceito de cor, relacionando-os com as possibilidades<br />
de ascensão social do grupo negro <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>; outros averiguam destacadamente<br />
a modalidade de inserção dos negros – ex-escravos – <strong>no</strong> sistema de<br />
trabalho livre, característico da sociedade brasileira depois da Abolição.<br />
Os trabalhos sobre os migrantes pretendem registrar e avaliar as causas e<br />
os efeitos sociais e econômicos do deslocamento espacial de populações do<br />
meio rural. Note-se que quatro dos sete textos da amostra expõem o progressivo<br />
movimento <strong>das</strong> populações rurais em direção aos centros urba<strong>no</strong>s, sendo<br />
as cidades de São Paulo e Recife focaliza<strong>das</strong> especificamente. Dois outros<br />
livros analisam o deslocamento de grupos <strong>no</strong> espaço social compreendido<br />
pelas zonas agropastoris, e apenas um aborda a migração interna em seu conjunto.<br />
Em algumas dessas obras, ressalta-se a atenção especial aos migrantes<br />
nas grandes cidades e coloca-se ênfase na necessidade de medi<strong>das</strong> políticas<br />
governamentais que visem à solução do problema.<br />
Ao determinar as condições de vida de populações rurais, os motivos de<br />
seu movimento migratório e os problemas que enfrentam tanto <strong>no</strong> campo<br />
quanto nas cidades, esses estudos, tudo indica, trouxeram à tona diferenças<br />
sociais e culturais existentes entre as populações brasileiras do meio rural e<br />
do meio urba<strong>no</strong>. Levando em consideração o interesse sociológico <strong>no</strong> estudo<br />
dos processos de urbanização e industrialização, poder-se-ia supor também<br />
que tenham contribuído para caracterizar e apontar os problemas de grupos<br />
sociais que vieram integrar a força de trabalho urba<strong>no</strong>-industrial <strong>no</strong> momento<br />
de sua formação.<br />
Os sociólogos estenderam o exame da mobilidade social a grupos de imigrantes<br />
de diferentes nacionalidades. Os textos constantes da amostra enfocam<br />
aspectos da trajetória histórica e espacial, <strong>das</strong> condições de existência e<br />
do processo de “assimilação” cultural e política de japoneses, alemães, síriolibaneses<br />
e italia<strong>no</strong>s fixados <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
Ao buscar conhecer o processo de mudanças sociais, característico do período<br />
a que se refere a amostra, a sociologia destaca três atores – os negros,<br />
os migrantes e os imigrantes – como agentes sociais que histórica, social e espacialmente<br />
transitam. A história da inserção social desses atores como força<br />
de trabalho, as características de sua mobilidade e fixação, e a diversificação de<br />
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