A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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Glaucia Villas Bôas<br />
versas províncias, institutos semelhantes não tardaram a ser fundados, com<br />
suas respectivas revistas. Parecia haver então certo interesse pela matéria.<br />
Na verdade, quando se analisam os artigos dessas revistas verifica-se a predominância<br />
dos temas de história, antropologia e outras disciplinas, ficando<br />
a geografia (embora figure <strong>no</strong> título) relegada a segundo pla<strong>no</strong>. A observação<br />
de Caio Prado Junior é inteiramente justa.<br />
Acresce que somente cem a<strong>no</strong>s depois, em 1938, foi criado o Instituto<br />
<strong>Brasil</strong>eiro de Geografia e Estatística, demonstrando que o interesse teria então<br />
sido despertado. Porém, a pouca quantidade de publicações encontrada<br />
na <strong>Biblioteca</strong> Nacional revela uma limitação da curiosidade pela disciplina e<br />
coincide com a observação de Caio Prado Junior.<br />
O Conselho Nacional de Geografia – órgão criado em 1937 e incorporado<br />
ao IBGE em 1938, que desenvolveu importantes atividades <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s<br />
1950 – tinha como objetivo “reunir, coordenar e promover a articulação de<br />
Serviços Oficiais, Instituições Particulares e dos profissionais que se ocupem<br />
da Geografia do <strong>Brasil</strong>”, com a finalidade precípua de atender às deman<strong>das</strong><br />
da administração pública, ainda que promovesse também estudos<br />
de base, desvinculados de interesses práticos imediatos. 66<br />
As escolhas temáticas mostram a tendência da geografia humana em<br />
focalizar as condições socioeconômicas em geral, o que a aproxima da sociologia<br />
e da eco<strong>no</strong>mia política, mostrando a influência da vertente francesa<br />
de estudos. Poder-se-ia ainda indagar em que medida o ponto de vista geográfico<br />
teria podido atender às deman<strong>das</strong> de explicação e compreensão <strong>das</strong><br />
mudanças sociais que ocorriam naquele momento e que tanto chamaram a<br />
atenção, porém não há dados para uma resposta.<br />
O crescimento do número de obras <strong>no</strong> campo da geografia humana não é<br />
destacado. Embora os geógrafos tenham se dedicado ao estudo sobre sua disciplina,<br />
essa linha de investigação não foi intensificada. Note-se, todavia, que<br />
aparecem na segunda fase trabalhos sobre o ensi<strong>no</strong> da disciplina <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />
No que respeita aos problemas brasileiros abordados, foram privilegiados<br />
os estudos sobre as regiões do país <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1945 a 1955, mas <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s<br />
subseqüentes o número desses trabalhos decresceu, elevando-se em compensação<br />
o total de textos sobre o meio rural. As pesquisas de caráter mais geral,<br />
como aquelas sobre as condições socioeconômicas do país, na perspectiva da<br />
66. Ver PEREIRA, José Veríssimo da Costa. A Geografia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. In: AZEVEDO, Fernando de<br />
(Org.). As ciências <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. 2 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1956. cap. VII, p. 402-405.<br />
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