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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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Glaucia Villas Bôas<br />

conseqüência foi a manutenção da unidade política e geográfica do país. Além<br />

disso, observou-se que a historiografia apresenta estudos <strong>no</strong>s ramos da história<br />

econômica e da história social, que teriam marcado o início de uma diferenciação<br />

temática e disciplinar daquele campo do conhecimento, <strong>no</strong> período<br />

de 1945 a 1966.<br />

A análise da configuração temática da história do <strong>Brasil</strong> demonstra que <strong>no</strong><br />

seu conjunto a disciplina manteve-se fiel à concepção tradicional de história<br />

referida anteriormente, voltando o foco de sua atenção para a continuidade e<br />

repetição de atividades políticas que deram origem à nação brasileira e lograram<br />

manter sua unidade. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que entre os historiadores,<br />

<strong>no</strong> período examinado, poucos se interessaram efetivamente pelas<br />

mudanças ocorri<strong>das</strong> <strong>no</strong> passado, figurando esse problema característico da<br />

concepção moderna de história, como foi possível observar, apenas em obras<br />

da história econômica e da história social.<br />

Certamente, o que mais chama a atenção é a continuidade e a permanência<br />

da história do <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> horizonte temático. Enquanto ocorriam mudanças<br />

socioeconômicas profun<strong>das</strong> na sociedade brasileira, além de modificações <strong>no</strong>s<br />

seus setores político e institucional, os historiadores lograram manter um espaço<br />

temático que, como já foi assinalado, voltava-se sobretudo para o estudo<br />

dos fatos políticos que teriam dado origem e mantido a unidade da nação.<br />

Dedicando-se a essa questão, teriam reatualizado uma tradição de estudos que<br />

se iniciara <strong>no</strong> Instituto Histórico e Geográfico <strong>Brasil</strong>eiro e seus congêneres<br />

em 1838.<br />

6. Os temas da eco<strong>no</strong>mia política<br />

As definições de eco<strong>no</strong>mia política expõem, como se verifica também em<br />

outras disciplinas, um rol de motivos explicativos da dificuldade de definir.<br />

A identidade da eco<strong>no</strong>mia política está marcada tanto por sua aspiração a<br />

ser disciplina científica, cujo objeto é um complexo de relações sociais próprio<br />

da esfera da produção de bens materiais, quanto pelo fato de constituir-se<br />

fundamento para a explicação da sociedade e da história do homem, numa<br />

<strong>das</strong> vertentes do pensamento moder<strong>no</strong>.<br />

Os limites desse campo de conhecimento adquirem maior amplitude se considerarmos<br />

o pensamento de Karl Marx, para quem o conhecimento da eco<strong>no</strong>mia<br />

política explica a “anatomia” da sociedade civil (bürgeliche Gesellschaft):<br />

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