A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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A vocação <strong>das</strong> ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
de bibliotecas e arquivos contribui para o desconhecimento e a ausência de<br />
diálogo com a tradição de intérpretes e conhecedores do <strong>Brasil</strong>. Segundo,<br />
o fato de não se recorrer às bibliografias concorre para que a produção do<br />
saber, sobretudo na área <strong>das</strong> ciências sociais, corra o risco da repetição dos<br />
problemas ao invés de seu avanço.<br />
Ao circunscrever-se à <strong>Biblioteca</strong> Nacional, a pesquisa torna visível seu<br />
valioso conjunto <strong>no</strong> período de 1945 a 1966, facilitando a busca dos estudiosos<br />
interessados nas publicações daquela época. A preservação da memória<br />
<strong>das</strong> ciências sociais pela instituição permite que informações e conhecimento<br />
sejam acessíveis aos pesquisadores sem passar pelo crivo dos intérpretes que,<br />
muito embora importantes, fatalmente consagram temas, autores e disciplinas<br />
com suas escolhas e autoridade.<br />
No <strong>Brasil</strong>, muito cedo a camada intelectual buscou esclarecer fatos da vida<br />
social, chamando-lhe a atenção, particularmente, os aspectos da sociedade em<br />
que vivia. A partir de meados do século XIX, começaram a ser publica<strong>das</strong><br />
narrativas sobre a história do país que privilegiavam, de modo geral, as ações<br />
e os eventos políticos considerados relevantes para a construção da nação;<br />
vieram a público também estudos sobre as peculiaridades étnicas e culturais<br />
da população brasileira. Foi-se reunindo uma vasta documentação, a exemplo,<br />
entre outros, dos artigos da Revista do Instituto Histórico e Geográfico<br />
<strong>Brasil</strong>eiro, fundado em 1838, que testemunha o modo pelo qual se concebia a<br />
reflexão e a pesquisa daqueles problemas.<br />
A década de 1930 veio marcar decisivamente a evolução dos estudos sobre<br />
os fatos sociais, uma vez que nela se iniciou a formação do cientista social <strong>no</strong><br />
país. Dentro do quadro de reformas políticas e educacionais daqueles a<strong>no</strong>s,<br />
foram cria<strong>das</strong> na cidade de São Paulo a Escola Livre de Sociologia e Política,<br />
em 1933; e a Faculdade de Filosofia, <strong>Ciências</strong> e Letras da Universidade de São<br />
Paulo, em 1934. No Rio de Janeiro, disciplinas <strong>das</strong> ciências sociais começaram<br />
a ser ministra<strong>das</strong> na Universidade do Distrito Federal, em 1935. Interrompi<strong>das</strong><br />
as atividades da UDF em 1939, a formação de cientistas sociais foi retomada<br />
<strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong> na Faculdade de Filosofia da antiga Universidade do <strong>Brasil</strong>.<br />
Os a<strong>no</strong>s de 1945 a 1966 delimitaram um importante período da vida nacional,<br />
marcado por profun<strong>das</strong> mudanças econômicas, sociais e políticas. Nos<br />
setores culturais e intelectuais, a expansão dos meios de difusão da cultura,<br />
de um lado, e os movimentos a favor da re<strong>no</strong>vação da produção cultural, de<br />
outro, se associaram ao crescimento <strong>das</strong> universidades, às lutas estudantis, às<br />
iniciativas da comunidade acadêmico-científica para consolidar suas instituições.<br />
Configurou-se naqueles meios um clima de debates e polêmicas efer-<br />
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