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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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Glaucia Villas Bôas<br />

ção de rádios com válvulas, barateando o custo do aparelho, possibilitou sua<br />

difusão junto a um público mais amplo. Porém, o grande impulso da radiodifusão<br />

<strong>no</strong> país se deu através da publicidade, quando uma regulamentação<br />

federal, em 1952, liberou cota de 20% da programação diária <strong>das</strong> emissoras<br />

para a publicidade, duplicando o percentual permitido, em 1932, que era de<br />

10% apenas. As empresas <strong>no</strong>rte-americanas como Coca-Cola, Esso Standard<br />

do <strong>Brasil</strong>, Colgate-Palmolive e outras, que investiam na imprensa periódica,<br />

foram responsáveis pelas maiores inversões na publicidade radiofônica.<br />

A partir dos a<strong>no</strong>s 1950, a publicidade fomentou um crescimento surpreendente<br />

do número de emissoras. Em 1945, elas eram 111, em 1953, 447<br />

e, em 1964, 944. A programação <strong>das</strong> rádios era bastante variada, incluindo<br />

música erudita e popular, programas humorísticos, infanto-juvenis, femini<strong>no</strong>s,<br />

instrutivos, cursos, programas políticos e também os de auditório. Os<br />

programas de música popular eram os preferidos. Dados do IBGE para o<br />

a<strong>no</strong> de 1953 mostram que um total de 391 empresas transmitiu, naquele a<strong>no</strong>,<br />

1.488.753 horas; mais da metade (794.636 horas) foi dedicada à música, cabendo<br />

707.027 horas à música popular e ligeira, e 87.609 horas à música “de<br />

classe”. Das restantes 694.117 horas de transmissão, os “programas falados”<br />

ocuparam 307.816 horas e os textos de propaganda comercial foram ouvidos<br />

durante outras 386.301 horas. Entre os “programas falados”, o maior número<br />

de transmissões era sobre esporte (50.748 horas), <strong>no</strong>tícias e comentários jornalísticos<br />

(51.524 horas). Logo em seguida, vinham as representações teatrais<br />

(25.888 horas) e os programas de auditório (38.153 horas).<br />

Estudando a expansão radiofônica <strong>no</strong> país, João Baptista Borges Pereira 33<br />

diz que a música popular não só ocupou uma posição de e<strong>no</strong>rme destaque<br />

nas programações de época, como, em grande medida, o rádio foi responsável<br />

pelo processo, por meio do qual a música negra “clandestina e mal vista<br />

na vida urbana incipiente do começo do século” se espraiou, segundo ele,<br />

pelo país e pelo exterior com o rótulo de música popular brasileira, ainda que<br />

com ela coexistissem a música popular estrangeira e as composições de cunho<br />

nitidamente rural. Comentários de Nelson Werneck Sodré 34 também confirmam<br />

o sucesso da música popular, que, ao lado do futebol e dos comentários<br />

políticos, tomaram cada vez mais a preferência do público ouvinte a partir de<br />

1945. A par disso, cabe lembrar que as “representações teatrais” incluíam as<br />

33. Cf. PEREIRA, João Baptista Borges. Cor, profissão e mobilidade: o negro e o rádio de São Paulo.<br />

São Paulo: Pioneira / EDUSP, 1967. p. 194-200.<br />

34. Cf. SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese da cultura brasileira. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização <strong>Brasil</strong>eira,<br />

1974. p. 92-97.<br />

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