A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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A vocação <strong>das</strong> ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
interpretativos de caráter geral, como também ao conhecimento do processo<br />
mais profundo de mudança da eco<strong>no</strong>mia, à medida que fossem observa<strong>das</strong>,<br />
<strong>no</strong> decorrer do tempo histórico, estruturas econômicas diferencia<strong>das</strong>.<br />
Em 1961, Nícia Vilela Luz afirmava que o conhecimento do desenvolvimento<br />
industrial <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> exigia pesquisas demora<strong>das</strong>, entre outros problemas,<br />
porque tal desenvolvimento deitava suas “raízes” na época colonial. 27<br />
Possivelmente motivados pelas transformações econômicas que ocorriam <strong>no</strong><br />
país e com o intento de compreendê-las, os pesquisadores da história econômica<br />
fizeram uso daquela metodologia e se voltaram para o estudo da estrutura<br />
econômica do passado mais remoto, focalizando sobretudo o período<br />
colonial.<br />
Desse modo, a história econômica embora apresente um número reduzido<br />
de estudos dentro do quadro <strong>das</strong> publicações da história do <strong>Brasil</strong>, contribuiu<br />
para a diferenciação desse campo disciplinar, tanto <strong>no</strong> que concerne a<br />
sua temática quanto a suas orientações metodológicas.<br />
5.3 História Social<br />
As inúmeras definições de história social trouxeram mais problemas do<br />
que permitiram esclarecer os contor<strong>no</strong>s desse campo de estudo. Jean Hecht<br />
reconhece três tendências <strong>no</strong> conjunto <strong>das</strong> definições: a primeira considera<br />
história social o estudo da vida e da cultura existentes em sociedades que<br />
desenvolveram-se <strong>no</strong> passado; outra insiste em limitá-la ao conhecimento de<br />
um residuum proveniente da política, da eco<strong>no</strong>mia e de amplas áreas culturais,<br />
tais como crenças religiosas e tec<strong>no</strong>logia; e finalmente, uma terceira corrente<br />
a restringe ao estudo de “um conjunto heterogêneo de instituições domésticas<br />
e comunitárias, costumes, atitudes e artefatos”. 28<br />
Comentários de José Honório Rodrigues também sugerem dificuldades<br />
de definição e mostram como a história social pôs em xeque a extremada<br />
valorização da atividade política e de personalidades influentes na história. “A<br />
teoria do medalhão da história” diz o autor, “seria substituída pela teoria do<br />
povo: estudar a conduta do povo, substituídos os personagens pelos grupos<br />
estruturados em formas sociais e econômicas.” 29 Revela ainda o escritor a<br />
27. LUZ, Nícia Vilela. A luta pela industrialização do <strong>Brasil</strong>. São Paulo: DIFEL, 1961. p. 9-10.<br />
28. HECHT, J. Jean. Social History. In: INTERNATIONAL Encyclopaedia of Social Sciences.<br />
New York: Macmillan, 1968. v. VI, p. 455.<br />
29. RODRIGUES, José Honório. Op. cit., p. 212.<br />
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