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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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Glaucia Villas Bôas<br />

Observando os vínculos <strong>das</strong> pesquisas com o contexto histórico, verificouse,<br />

entretanto, que um considerável número de trabalhos persistiu na investigação<br />

de seus temas preferenciais de uma década para outra. Eram pesquisas<br />

volta<strong>das</strong> para a continuidade dos fatos políticos <strong>no</strong> passado, ou para as origens<br />

étnico-culturais da população brasileira, que prevaleceram na produção <strong>das</strong><br />

ciências sociais <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1945 a 1955, mas que a partir de meados dos a<strong>no</strong>s<br />

1950 não reatualizaram suas perspectivas de trabalho à luz <strong>das</strong> situações e dos<br />

fatos <strong>no</strong>vos que emergiam <strong>no</strong> contexto brasileiro. A falta de re<strong>no</strong>vação dessas<br />

pesquisas correspondeu a um crescimento inexpressivo de seu conjunto.<br />

Considera-se que os meados dos a<strong>no</strong>s 1950 foram um marco importante<br />

para as ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Ao apontar tanto a mudança, quanto a<br />

continuidade em um amplo conjunto de pesquisas, a data delimita uma maior<br />

diferenciação da produção científica, que resultava de estudos cujo interesse era<br />

atender a uma demanda específica de conhecimentos proveniente <strong>das</strong> mudanças<br />

sociais, econômicas, culturais e intelectuais características daquela época.<br />

Uma observação realizada de outro ângulo também é interessante. Considerou-se<br />

desde o início do trabalho, com base em pesquisa de outros especialistas,<br />

que a grande massa de estudos históricos <strong>no</strong> acervo analisado, em que é secundada,<br />

em terceiro lugar, pela antropologia, corresponderia à busca de identidade<br />

nacional que, pelo me<strong>no</strong>s desde a Independência, parece marcar os estudiosos<br />

do país. Se tal for o caso, então a busca de identidade passaria pelo passado e<br />

pelos componentes não europeus, não entrando a geografia humana em linha<br />

de conta. Em que medida uma sondagem em épocas anteriores à escolhida<br />

teria resultados semelhantes? A vastidão e a falta de conhecimento <strong>das</strong> diversas<br />

regiões deveriam ser incentivos para indagações, suscitando tanta curiosidade<br />

da parte dos pesquisadores, quanto os aspectos ig<strong>no</strong>rados da história. As exigências<br />

de investigações custosas e longas, com inúmeros percalços de toda<br />

ordem, poderiam constituir obstáculos para trabalhos nessa disciplina (a famosa<br />

expedição de que foi promotor D. Pedro II e que se reduziu à parte mínima do<br />

que fora programado, devido à indignação levantada nas Câmaras e <strong>no</strong>s jornais<br />

pelo desperdício que representava, é disso um exemplo).<br />

Mas por que razão vem a eco<strong>no</strong>mia política em segundo lugar nas publicações<br />

da <strong>Biblioteca</strong> Nacional, logo após a história do <strong>Brasil</strong>? Teria sido sempre<br />

assim? Ou as crises consecutivas que a eco<strong>no</strong>mia do país veio sofrendo<br />

através do tempo, nas várias regiões, teriam muito cedo despertado a atenção<br />

dos pesquisadores? Nessa disciplina também, um prolongamento da pesquisa<br />

para o passado permitiria verificar em que medida esses trabalhos se ligariam<br />

a momentos difíceis da nação.<br />

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