02.08.2013 Views

A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A vocação <strong>das</strong> ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

da formação letrada clássica, baseada em estudos humanísticos tradicionais,<br />

que, predominante <strong>no</strong>s meios intelectuais brasileiros, vai de fato assumir uma<br />

posição de me<strong>no</strong>r destaque e prestígio, justamente naquele período. Por outro<br />

lado, a importância da produção e formação científica era justificada pelos benefícios<br />

que a ciência poderia trazer ao desenvolvimento social e econômico<br />

do país. Ao analisar a formação da comunidade científica <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, Simon<br />

Schwartzman comenta que “a <strong>no</strong>ção de que a ciência e o ensi<strong>no</strong> deveriam voltar-se<br />

mais decisivamente para problemas econômicos e sociais da realidade<br />

brasileira era, evidentemente, bastante difundida entre cientistas e professores<br />

universitários brasileiros do pós-guerra o que levava a um contínuo debate<br />

sobre a melhor forma de organizar e estimular o sistema de educação superior<br />

e a pesquisa científica <strong>no</strong> país”. 51<br />

O empenho em fazer reconhecer o valor da ciência como um instrumento<br />

indispensável para o desenvolvimento socioeconômico de base industrial<br />

se traduz em diversas iniciativas toma<strong>das</strong> por integrantes da comunidade<br />

acadêmico-científica. Uma delas, foi a criação da Sociedade <strong>Brasil</strong>eira para o<br />

Progresso da Ciência (SBPC), em 1948, na cidade de São Paulo. 52 A SBPC foi<br />

um dos marcos mais importantes da formação da comunidade acadêmica <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, promovendo desde sua criação reuniões anuais em diferentes cidades<br />

do país e publicando a revista Ciência e Cultura, desde 1949.<br />

No decorrer daqueles a<strong>no</strong>s, foram criados também institutos e centros<br />

de pesquisa. Em 1949, organizava-se o Centro <strong>Brasil</strong>eiro de Pesquisas Físicas<br />

(CBPF), como um órgão autô<strong>no</strong>mo que, inicialmente, recebeu subvenções<br />

vota<strong>das</strong> pelas Câmaras Federal e Municipal, além de contribuições da Confederação<br />

Nacional da Indústria. O CBPF foi a alternativa encontrada para<br />

51. Ver SCHWARTZMAN, Simon. Formação da comunidade científica <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. São Paulo: Nacional;<br />

Rio de Janeiro: Financiadora de Estudos e Projetos, 1979. p. 287.<br />

52. A SBPC tinha por objetivos: “a) a justificação da ciência, mostrando ao público seus progressos,<br />

seus métodos de trabalho, suas aplicações e até mesmo suas limitações buscando criar<br />

em to<strong>das</strong> as classes, e conseqüentemente na administração pública, atitude de compreensão,<br />

apoio e respeito para as atividades de pesquisa; b) robustecimento da organização científica<br />

nacional, pela melhor articulação dos cientistas, pelo seu mais íntimo conhecimento mútuo,<br />

numa tentativa de unir as diversas especialidades e dissipar eventuais incompreensões por meio<br />

de ações conjuntas, pelo incentivo à formação de <strong>no</strong>vos pesquisadores e ainda pela remoção<br />

de entraves que se oponham ao progresso da ciência; c) pela manutenção de elevados padrões<br />

de conduta científica, e ao mesmo tempo, combate à pseudo e à meia ciência, que tantas vezes<br />

tomam posições que deveriam pertencer à verdadeira ciência; d) assumir atitude definida e ativa<br />

de combate, <strong>no</strong> sentido de assegurar, contra possíveis incompreensões, a liberdade de pesquisa,<br />

o direito do pesquisador aos meios indispensáveis de trabalho, a estabilidade para a realização<br />

de seus programas de investigação, ao ambiente favorável à pesquisa desinteressada”. Cf. Ciência<br />

e Cultura , v. 1, n. 1, São Paulo: SBPC, 1949. p. 1-2. apud: MOREL, Regina Lúcia de Moraes.<br />

Ciência e estado: a política científica <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979. p. 42.<br />

177<br />

FBN_RG_vocacao_03.indd 177 5/3/2009 09:54:02

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!