A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...
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A vocação <strong>das</strong> ciências sociais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
radio<strong>no</strong>velas, produto cultural introduzido em 1941, que mereceu a atenção<br />
crescente dos ouvintes do rádio na década de 1950.<br />
No contexto de expansão da indústria cultural naqueles a<strong>no</strong>s, Juarez Brandão<br />
Lopes ressalta 35 que a “influência do rádio é, bem possivelmente, a que<br />
mais se faz sentir entre as populações interioranas. Entre <strong>no</strong>ssos índices, o<br />
número de estações de rádio foi o único a exibir sensível desconcentração<br />
territorial. Ele é pouco limitado pela difusão desigual da educação, embora<br />
mesmo neste caso esta deva também ter o seu efeito, pela transformação de<br />
idéias, valores e de mundo mental que acarreta”.<br />
Com efeito, a implantação e expansão da indústria e do mercado cultural<br />
se fizeram de modo desigual, variando de acordo com as especificidades<br />
de cada área da produção. A criação da indústria cinematográfica <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />
por exemplo, apresenta características bem peculiares. A despeito de outros<br />
problemas (alto custo dos investimentos, tec<strong>no</strong>logia e pessoal qualificado), a<br />
indústria cinematográfica não enfrentava diretamente as barreiras decorrentes<br />
dos altos índices de analfabetismo da população brasileira para fazer circular<br />
e exibir seus produtos, mas, decerto, teve como grande obstáculo a poderosa<br />
concorrência <strong>das</strong> grandes produtoras <strong>no</strong>rte-americanas que aqui exibiram maciçamente<br />
seus filmes naqueles a<strong>no</strong>s.<br />
A nacionalização do serviço de Censura Cinematográfica para Educação<br />
Popular pelo Decreto-Lei nº 21.240, de 4 de maio de 1932, e a criação<br />
do Conselho Nacional de Cinematografia, <strong>no</strong> Departamento de Imprensa<br />
e Propaganda (DIP), pelo Decreto-Lei nº 4.064, de 29 de janeiro de 1942,<br />
demonstram que o alcance do cinema já era relevante naquelas déca<strong>das</strong>. Os<br />
empreendimentos para fundar e desenvolver a indústria cinematográfica resultaram<br />
na criação <strong>das</strong> empresas Atlântida, em 1941, e Vera Cruz, em 1949.<br />
Mais adiante, em 1952, a copiagem obrigatória de filmes estrangeiros por laboratórios<br />
brasileiros serviu de forte impulso à implantação de infra-estrutura<br />
indispensável ao desenvolvimento do cinema, ainda que, em 1954, a SUMOC<br />
tenha reduzido pela metade aquela obrigatoriedade.<br />
Na realidade, o volume de “negócios” relativo ao cinema cresceu <strong>no</strong> setor<br />
da exibição de filmes. É surpreendente o aumento do número <strong>das</strong> telas de<br />
exibição (cineteatro ou cinema), não havendo àquela época nenhuma capital<br />
brasileira que não possuísse um daqueles estabelecimentos. Sua quantidade<br />
elevou-se de 1.317 em 1944, para 2.932 em 1954, chegando a 3.234 em 1964,<br />
35. Cf. LOPES, Juarez Rubens Brandão. Op. cit., p. 175.<br />
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