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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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Glaucia Villas Bôas<br />

União, em diversas capitais brasileiras, se reunissem e se transformassem em universidades.<br />

No período em estudo, somente a Universidade de Brasília escapou<br />

desse processo de aglutinação. Criada em 1961, em regime de fundação de direito<br />

público, pretendia ser um modelo para o ensi<strong>no</strong> superior <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, capaz de influir<br />

na estrutura de outras universidades e escolas superiores.<br />

Em 1954, havia 16 universidades <strong>no</strong> país, com cinco delas manti<strong>das</strong> por<br />

instituições confessionais e 11 pelo Estado, através do gover<strong>no</strong> federal e de<br />

gover<strong>no</strong>s estaduais. De 1955 a 1964, foram cria<strong>das</strong> 21 universidades, sendo<br />

cinco manti<strong>das</strong> por instituições religiosas e as demais pelo Estado. Em 1964,<br />

havia 30 universidades <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Entretanto, esse crescimento surpreendente<br />

não foi suficiente para equilibrar a oferta e a demanda do ensi<strong>no</strong> superior. Em<br />

1964, o número de candidatos ao vestibular era 2,5 vezes maior do que em<br />

1946, e o número de vagas 2,1. A relação de candidatos por vagas continuava<br />

a crescer, mas variava muito de acordo com os cursos: “enquanto a relação<br />

candidato/vagas dos cursos de Direito se mantinha <strong>no</strong> nível de 1,7, a dos<br />

cursos de Engenharia aumentava de 2,9 para 3,6 e de Medicina de 5,4 para<br />

7,6”, diz Luiz Antônio Cunha. 49 A par disso, crescia o número de candidatos<br />

aprovados <strong>no</strong> vestibular que não podiam matricular-se devido à limitação <strong>das</strong><br />

vagas, surgindo nesse contexto a figura do “excedente”.<br />

3.2 As lutas estudantis<br />

Enquanto o Estado tomava medi<strong>das</strong> <strong>no</strong> sentido de ampliar o número de<br />

universidades e abrir os canais de acesso ao ensi<strong>no</strong> superior, a partir da segunda<br />

metade da década de 1950, irromperam lutas contínuas dos estudantes<br />

universitários que reivindicavam melhores condições de estudo nas universidades<br />

e, tomando posições políticas com relação a graves problemas sociais,<br />

terminaram questionando a ordem social do país.<br />

Criada em 1938, a União Nacional dos Estudantes (UNE) reuniu universitários<br />

de diversos estados brasileiros através <strong>das</strong> Uniões Estaduais de Estudantes<br />

(UEES). Sua influência na condução <strong>das</strong> lutas estudantis foi decisiva.<br />

Durante a década de 1940, fizeram parte da UNE estudantes que apoiavam<br />

o movimento socialista, ou pertenciam ao Partido Socialista <strong>Brasil</strong>eiro. No<br />

entanto, o peso político dos jovens filiados à União Democrática Nacional<br />

(UDN) foi, certamente, responsável pelas decisões toma<strong>das</strong> pela entidade em<br />

49. Ibidem, p. 97.<br />

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