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A Vocação das Ciências Sociais no Brasil - Fundação Biblioteca ...

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Glaucia Villas Bôas<br />

Essas observações encontram também um reforço quando se analisa <strong>no</strong>vamente<br />

a tabela IV do primeiro capítulo: as duas cidades em que a criação<br />

de universidades teve lugar na década de 1930 – São Paulo e Rio de Janeiro<br />

– apresentaram uma quantidade muito maior de obras publica<strong>das</strong> do que as<br />

demais capitais estaduais. Além disso, quando é destacada a publicação com<br />

fins lucrativos, a produção em ambas é extraordinária, dominando completamente<br />

a publicação sem fins lucrativos (isto é, edição de órgãos do gover<strong>no</strong><br />

federal, institutos, universidades etc.). A influência do meio universitário para<br />

o incremento da produção de livros parece irrecusável.<br />

Poder-se-ia perguntar: uma vez que a fundação <strong>das</strong> universidades foi praticamente<br />

concomitante <strong>no</strong> Rio de Janeiro e em São Paulo, sendo que nesta<br />

última cidade foi ela efetuada com alguma precedência e com grande ênfase,<br />

representada pela contratação de grande elenco de professores europeus nas<br />

mais diversas matérias, por que razão o número de publicações <strong>no</strong> Rio de<br />

Janeiro, tanto com fins lucrativos, quanto sem eles, superou bastante o de São<br />

Paulo – ambos sobrepujando muitíssimo a publicação nas outras capitais? A<br />

condição dessas duas cidades nas déca<strong>das</strong> estuda<strong>das</strong> provavelmente explica a<br />

diferença: o Rio de Janeiro era então não apenas a capital do país, mas também<br />

uma cidade cosmopolita e muito intelectualizada, enquanto São Paulo, me<strong>no</strong>r<br />

em vulto, constituía, comparativamente, uma cidade ainda provinciana. Uma<br />

comparação entre a produção de textos em ciências sociais, após a passagem<br />

da capital do Rio para Brasília, confrontando <strong>no</strong>vamente Rio de Janeiro e São<br />

Paulo, pode revelar em que condições a segunda cidade foi adquirindo maior<br />

prestígio intelectual, exemplificado pelo aumento do número de livros.<br />

Afirmou-se também <strong>no</strong> início do trabalho que as oportunidades de acesso<br />

às publicações são avalia<strong>das</strong> pelas condições sociais, econômicas e políticas<br />

existentes. A influência do Rio de Janeiro, demonstrada acima, se encontra<br />

<strong>no</strong>vamente encarecida por essas circunstâncias. Sem dúvida, era esta cidade<br />

que apresentava as melhores condições econômicas, sociais e de nível de escolaridade<br />

para aumentar o público de leitores e, por outro lado, permitir a<br />

expansão da indústria do livro. São Paulo aparece em segundo lugar e ambas<br />

se distanciam muito <strong>das</strong> demais capitais.<br />

Um aspecto que merece destaque, relacionado agora com as diversas disciplinas<br />

que compõem as ciências sociais, diz respeito ao peso que a idade<br />

da disciplina e seu reconhecimento, como um valor cultural, podem ter na<br />

importância que ela adquire <strong>no</strong> conjunto <strong>das</strong> demais. Nas déca<strong>das</strong> estuda<strong>das</strong>,<br />

a história do <strong>Brasil</strong> sobressaiu a to<strong>das</strong> as outras, contando com a maior quantidade<br />

de livros. Poder-se-ia atribuir essa característica ao fato de que a criação<br />

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