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Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre

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101 Colecionadores<br />

qualquer um ou sejam depositadas em um arquivo por qualquer um. Desse<br />

modod, não há uma forma simples de encontrá-las.<br />

A questão aqui é sobre acesso, não sobre custo. Kahle deseja disponibilizar<br />

conteúdo livre a essa conteúdo, mas deseja permitir que outros vendam<br />

acesso a ela. Seu desejo é garantir competição no acesso a essa parte importante<br />

de nossa cultura. Não durante a vida comercial de um pedaço de<br />

propriedade intelectual, mas durante a segunda vida que toda propriedade<br />

intelectual possui — uma vida não-comercial.<br />

Pois aqui está uma idéia que temos que entender de forma bem clara.<br />

Toda propriedade intelectual passa por várias “vidas”. Em sua primeira vida,<br />

se o criador tiver sorte, o conteúdo é vendido. Nesses casos, o mercado<br />

comercial é bem-sucedido para o criador. A vasta maioria da propriedade<br />

intelectual não tem esse sucesso, mas algumas claramente têm. Para esse<br />

conteúdo, a vida comercial é extremamente importante. Sem esse mercado<br />

comercial, muitos argumentam que haveria muito menos criatividade.<br />

Após o fim da vida comrecial de uma propriedade intelectual, nossa<br />

tradição sempre apoiou uma segunda vida. Um jornal leva notícias todo<br />

dia às varandas da américa. No dia seguinte, ele será usado para embrulhar<br />

peixe ou para encher caixas com produtos frágeis ou para construir um<br />

arquivo de conhecimento sobre a nossa história. Nessa segunda vida, o conteúdo<br />

continua a informar mesmo que não esteja mais a venda.<br />

O mesmo é verdadeiro quando o assunto é livros. Um livro sai das<br />

prateleiras muito rapidamente (a média atualmente é de pouco mais de um<br />

ano). Quando ele sai de circulação, ele pode ser vendido para sebos sem o<br />

dono do copyright ter direito a qualquer coisa, e ele também pode ser doado<br />

para bibliotecas, aonde muitos podem ler o livro, gratuitamente. Sebos e<br />

bibliotecas estão então dando uma segunda vida ao livro. Essa segunda<br />

vida é extremamente importante para a disseminação e estabilidade da cultura.<br />

[117]<br />

Mas cada vez mais, qualquer suposição de uma segunda vida estável para<br />

a propriedade intelectual não pode ser assumida para os principais componentes<br />

da cultura popular dos séculos 20 e 21. Para esses meios — televisão,<br />

filmes, música, rádio e Internet — não há qualquer garantia de uma segunda<br />

vida. Para esses tipos de cultura, é como se nós tivéssemos substituido as bibliotecas<br />

pelas superlojas da Saraiva. Com essa cultura, o que está disponível<br />

não é nada exceto uma faixa limitada de demandas de mercado. Além daí,<br />

a cultura desaparece.<br />

Durante a maior parte do século 20, foram motivos econômicos que causaram<br />

isso. Seria insanamente caro coletar e tornar disponível toda a TV,<br />

música e filmes: o custo de cópias analógicas é extraordinariamente caro.<br />

Então mesmo imaginando que a lei em princípio é que tornaria a prática

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