Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre
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5.2 Pirataria — Parte II 66<br />
lhado ou para os quais já não exista mais copyright. Esse compartilhamento<br />
claramente beneficia o autor e a sociedade. O autor de ficção científica Cory<br />
Doctorow, por exemplo, lançou seu primeiro livro, Down and Out in the<br />
Magic Kingdom, no mesmo dia tanto online quanto nas livrarias; Ele (e seus<br />
distribuidores) imaginaram que a distribuição online poderia ser uma grande<br />
publicidade para o livro “de verdade”. As pessoas poderiam ler uma parte<br />
online e então se decidirem se gostaram ou não do livro. Se gostaram, eles<br />
poderiam simplesmente comprá-lo. O conteúdo de Doctorow é um do tipo<br />
D. Se as redes de compartilhamento de arquivos permitirem que esse trabalho<br />
seja divulgado, então tanto a sociedade quanto ele saem ganhando.<br />
(Na verdade, ganhando muito: é um grande livro!)<br />
O mesmo vale para as obras em domínio público: esse compartilhamento<br />
beneficia a sociedade sem danos legais aos autores. Se resolvendo o problema<br />
do compartilhamento de tipo A destruirmos a oportunidade do compartilhamento<br />
de tipo D, então nós perderemos algo muito importante protegendo o<br />
conteúdo de tipo A.<br />
Na realidade a questão toda é a seguinte: Enquanto a indústria fonográfica<br />
compreensivelmente diz, “Nós perdemos esse valor”, nós temos que nos<br />
questionar, “Quanto a sociedade ganha com o uso de redes P2P? Quais são<br />
os resultados? Que tipo de conteúdo é esse que de outra forma não estaria<br />
disponível?”<br />
Por pior que eu tenha descrito a pirataria na primeira seção desse capítulo,<br />
muito da “pirataria” que o compartilhamento de arquivo permite é claramente<br />
legal e bom. E de forma semelhante à pirataria que descrevi no capítulo 4,<br />
muito dessa pirataria está sendo motivada por uma nova forma de divulgarse<br />
conteúdos causada por mudanças na tecnologia de distribuição. Dessa<br />
forma, de forma consistente com a tradição que nos deu Hollywood, o rádio,<br />
a indústria fonográfica e a TV a cabo, a questão que deveríamos fazer sobre<br />
o compartilhamento de arquivos é qual a melhor forma de preservar os seus<br />
benefícios e, ao mesmo tempo, minimizar (e exterminar, se possível) o dano<br />
prejudicial causado aos artistas. Essa questão é uma sobre equilíbrio. A lei<br />
pode deveria procurar esse equilíbrio, e ele só poderá ser encontrado com o<br />
tempo.<br />
“Mas essa guerra não é apenas contra o compartilhamento ilegal? Seu<br />
alvo não apenas o que definimos como compartilhamento de tipo A?”<br />
Você deve estar pensando assim, e esperamos que seja assim. Mas até<br />
agora, não está sendo assim. O efeito da guerra aparentemente contra o tipo<br />
A de compartilhamento está sendo levada além desse tipo de compartilhamento.<br />
Quando o Napster disse à corte regional que havia desenvolvido uma<br />
tecnologia que bloqueava a transferência de 99,4% do material identificadamente<br />
ilegal, a corte do distrito disse ao advogado do Napster que 99,4% não