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Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre

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208<br />

economistas. Os memorandos do outro lado do caso foram escritos exclusivamente<br />

pela principais companhia de mídia, congressistas e detentores de<br />

copyright.<br />

As companhias de mídia estarem do outro lado não me surpreendeu.<br />

Eram elas quem tinham tudo a ganhar com a lei. Os congressistas também<br />

não me surpreenderam — eles estavam defendendo seu poder e, indiretamente,<br />

a locomotiva de contribuições que tal poder induzia. E claro que<br />

não fiquei surpreso que os detentores de copyright iriam defender a idéia de<br />

que deveriam continuar tendo o direito de controlar quem faria o que com o<br />

conteúdo que eles desejavam controlar.<br />

Os representantes do Dr. Seuss 6 , por exemplo, argumentavam que era<br />

melhor que o espólio do Dr. Seuss controlasse o que acontecia com as obras<br />

do Dr. Seuss — melhor do que permitir que ele caísse no domínio público<br />

— porque se tal criatividade caísse no domínio público, então as pessoas<br />

poderiam a suar para “glorificar as drogas ou criar pornografia”. [187] Esse<br />

foi o mesmo motivo que foi apresentado pelo espólio de George Gershwin 7<br />

para a manutenção da “proteção” das obras dele. Eles negavam, por exemplo,<br />

a licenciar Porgy and Bess para qualquer um que negasse-se a usar no elenco<br />

atores Afro-americanos. [188] Essa era sua visão de como essa parte da cultura<br />

americana deveria ser controlada, e eles queriam que essa lei os ajudasse a<br />

impor tal controle.<br />

Esse argumento tornou claro uma temática que raramente é notada nesse<br />

debate: quando o Congresso decide ampliar os períodos dos copyright existentes,<br />

o Congresso está fazendo uma escolha sobre que pessoas ele irá favorecer.<br />

Detentores de copyright famosos e amados, como o caso dos espólios de<br />

Gershwin e do Dr. Seuss, vão ao Congresso e dizem: “nos dê vinte anos para<br />

controlarmos a expressão de tais ícones da cultura americana. Nós o faremos<br />

melhor do que qualquer outra pessoa”. O Congresso claramente gosta de recompensar<br />

os populares e famosos dando-lhes o que eles desejam. Mas quando<br />

o Congresso dá a algumas pessoas um direito exclusivo para expressar-se de<br />

uma certa forma, ele está fazendo exatamente o que a Primeira Emenda<br />

tradicionalmente procura evitar.<br />

Nós argumentamos o máximo possível sobre isso em nosso último memorando.<br />

Não apenas impor a CTEA significaria que não havia limites aos<br />

poderes do Congresso de ampliar copyright — extensões essas que iriam futuramente<br />

concentrar o mercado; também significaria que não havia limites<br />

6 NT: Theodor Seuss Geisel, escritor e ilustrador de livros infantis americano, muito<br />

conhecido por suas obras O Grinch — em inglês, How the Grinch stealed the Christmas<br />

— e O Gatola de Cartola — em inglês, The Cat in the Hat<br />

7 NT: Compositor judeu norte-americano, criou vários musicais e peças de teatro para<br />

a Broadway

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