Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre
Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre
Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A.2 Reconstruindo a <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong>: uma idéia 254<br />
não-comercial. Ele pode optar por uma licença que permita qualquer uso<br />
enquanto as mesmas liberdades são repassadas para os outros (“compartilhe<br />
igualmente” — NT: No popular, toma lá, dá cá — se você conseguiu livremente,<br />
ofereça livremente). Ou qualquer uso enquanto não sejam feitos usos<br />
derivativos. Ou qualquer uso em nações em desenvolvimento. Ou qualquer<br />
uso para “sampleamento”, enquanto cópias totais não sejam feitas. Ou, finalmente,<br />
qualquer uso educacional.<br />
Essas escolhas portanto estabelecem uma gama de liberdades além dos<br />
padrões oferecidos pela lei do copyright. Elas também permitem liberdades<br />
que vão além do uso justo tradicional. E, mais importante, elas expressam<br />
essas liberdade de uma forma que usuários futuros podem usar e basear-se<br />
nas obras sem a necessidade de contratar advogados. A Creative Commons<br />
portanto objetiva criar uma camada de conteúdo, governada por uma camada<br />
de leis de copyright racionais, sobre as quais outros poderão construir em<br />
cima. As escolhas voluntárias das pessoas e dos criadores irão tornar tal<br />
conteúdo disponível. E esse conteúdo irá por sua vez permitir-nos reconstruir<br />
o domínio público.<br />
Esse é apenas um projeto entre os vários dentro da Creative Commons.<br />
E claro, a Creative Commons não é a única organização procurando tais<br />
liberdades. Mas o ponto que distingue a Creative Commons de muitas delas<br />
é que não estamos interessados apenas em falarmos apenas de um domínio<br />
público ou de trazermos os legisladores para nos ajudar a criar um domínio<br />
público. Nosso objetivo é construir um movimento de consumidores e produtores<br />
de conteúdo (“conprodutores de conteúdo”, conforme definido pela<br />
promotora Mia Garlick) que ajudará a construir o domínio público e que,<br />
por seu trabalho, irá demonstrar a importância de um domínio público para<br />
o desenvolvimento da criatividade de outros.<br />
O objetivo não é lutar contra o pessoal do “Todos os Direitos Reservados”.<br />
O objetivo é complementá-los. O problema é que a lei criada por nós<br />
como uma cultura produziu conseqüências insanas e não intencionais de leis<br />
escritas séculos atrás, aplicadas a uma tecnologia que apenas Jefferson poderia<br />
ter imaginado. As regras podem muito bem fazer sentido em um cenário<br />
tecnológico como o de séculos atrás, mas elas não fazem sentido no cenário<br />
tecnológico atual. Novas regras — com diferentes liberdades, expressas de<br />
formas que pessoas sem advogados possam as aproveitar — são necessárias.<br />
A Creative Commons dá às pessoas uma maneira efetiva para começar a<br />
construir tais regras.<br />
Porque os criadores deveriam participar desistindo do controle total? Alguns<br />
participam apara melhor divulgarem seu conteúdo. Cory Doctorow, por<br />
exemplo, é um autor de ficção científica. Seu primeiro romance, Down and<br />
Out in the Magic Kingdom, foi disponibilizado online livremente, sob uma