21.06.2014 Views

Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre

Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre

Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

79 Fundadores<br />

propriedades de ninguém ao criar essa obra (há controvérsias sobre isso, mas<br />

não importa agora), e tendo ele criado essa peça, ele não tornou mais difícil<br />

a outros montarem a peça. Então porque a lei deveria permitir que outras<br />

pessoas viessem e tomassem a peça de Shakespeare sem sua autorização, ou<br />

dos detentores de seu espólio? Que razão havia para permitir que outras<br />

pessoas “roubassem” o trabalho de Shakespeare?<br />

A resposta vem em duas partes. Primeiro temos que entender algo importante<br />

sobre a noção de “copyright” que existia no tempo do Estatuto de<br />

Anne. Segundo, temos que entender algo importante sobre os “livreiros”.<br />

Primeiro tratemos do copyright: nos últimos 300 anos, nós fomos assumindo<br />

o conceito de “copyright” de forma cada vez mais ampla. Mas em<br />

171, esse conceito não era tão amplo assim. O copyright surgiu com uma<br />

série bem específica de restrições: ele proibia a outros de reeditar um livro.<br />

Em 1710, o “copy-right” era um direito para usar uma máquina específica<br />

para reproduzir uma certa obra. Ela não ia além disso. Ela não controla de<br />

maneira mais geral como a obra era usada. Atualmente o copyright inclui<br />

uma grande gama de restrições às liberdades dos outros: ele dá ao autor o<br />

direito exclusivo para cópia, distribuição, apresentação e assim por diante.<br />

Dessa forma, por exemplo, mesmo se o copyright às obras de Shakespeare<br />

fosse perpétuo, tudo o que isso significaria no conceito original do remo é que<br />

ninguém poderia reimprimir o trabalho de Shakespeare sem o consentimento<br />

do espólio de Shakespeare. Ele não iria controlar nada, por exemplo, sobre<br />

como a obra deveria ser encenada, se poderia ser traduzida, ou se Kenneth<br />

Branagh poderia fazer seu filmes. O “copy-right” era apenas um direito<br />

exclusivo para cópias — nada mais, nada menos.<br />

Mesmo esse direito limitado era visto com ceticismo pelos britânico. Eles<br />

tinham tido uma experiência longa e ruim com “direitos exclusivos”, especialmente<br />

aqueles garantidos pela Coroa. Os ingleses tinham lutado uma<br />

guerra civil em parte pelas práticas da Coroa em sustentar monopólios —<br />

especialmente sobre obras que já existiam. O Rei Henrique VIII deu uma<br />

patente para a impressão da Bíblia e um monopólio para a Darcy imprimir<br />

baralhos. O Parlamento Inglês começou a lutar contra esses abusos da Coroa.<br />

Em 1656, ele passou o Estatuto dos Monopólios, limitando monopólios para<br />

patentes em novas invenções. E em 1710, o Parlamento estava preocupado<br />

em lidar com o crescente monopólio da publicação de livros.<br />

Desse modo o “copy-right”, quando visto como um direito de monopólio,<br />

era claramente visto como um direito que deveria ser limitado. (Por mais<br />

convincente que o apelo de que “é minha propriedade, e eu devo ter ela para<br />

sempre” pareça, ele é tão convincente quanto “é o meu monopólio e deveria<br />

ser assim para sempre”.) O Estado deveria proteger o direito exclusivo, mas<br />

só enquanto ele beneficiasse a sociedade. Os ingleses viram os problemas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!